Cotidiano

Moro determina que Bumlai se apresente à PF na próxima terça

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro determinou que o pecuarista José Carlos Bumlai se apresente à Polícia Federal em Curitiba na próxima terça-feira, dia 6, e, caso haja razões médicas comprovadas, deverá ser internado em um hospital da cidade, possibilitando a perícia médica requerida pelo Ministério Público Federal. Bumlai está internado no hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o último dia 17, em função de um quadro febril associado pelos médicos ao tratamento de um câncer na bexiga. De acordo com relatório médico, a febre baixou, mas ele está fazendo uso de corticóides, provocando baixa na imunidade.

O MPF desconfia que o estado de saúde de Bumlai não necessita de internação e pediu perícia médica judicial. Moro autorizou a perícia e, em despacho, afirmou que só decidirá sobre a manutenção dele em prisão domiciliar depois que ela for realizada.

Bumlai passou cinco meses em prisão domiciliar para tratamento do câncer e foi submetido a cirurgia. Moro determinou o retorno à carceragem da PF, mas adiou por duas vezes a apresentação depois de pedidos e exames apresentados pela defesa. A reapresentação estava marcada para o próximo dia 6 e os advogados apresentaram nova petição para que seja concedida prisão domiciliar.

Moro baseou sua decisão num processo que corre em Brasília, no qual Bumlai teria participado de um esquema para evitar a delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras. O Ministério Público Federal afirma que outras investigações envolvem o empresário.

A defesa de Bumlai ainda não se pronunciou.

O pecuarista é amigo pessoal do ex-presidente Lula e se tornou réu na Lava-Jato por ter feito em seu nome um empréstimo de R$ 12,1 milhões para o partido dos Trabalhadores (PT), que seria destinado a cobrir dívidas de campanha. O empréstimo foi tomado no Banco Schahin e não foi pago. De acordo com a denúncia, a quitação ocorreu com a intermediação de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, depois que uma das empresas do Grupo Schahin obteve com a Petrobras um contrato de mais de R$ 1 bilhão. Para simular pagamento, foi cometida uma fraude: um falso documento no qual o pecuarista entregava ao banco embriões bovinos em pagamento da dívida.