Cotidiano

Moinho Fluminense muda para Caxias e dobra capacidade de produção

Novo Moinho Fluminense (1).JPGRIO – O Moinho Fluminense se despede da Zona Portuária, após quase 130 anos. A Bunge, multinacional de alimentos e agronegócios e que assumiu o negócio ainda em 1914, acaba de inaugurar novas instalações para moagem de trigo em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Projeto de R$ 500 milhões, anunciado em 2014, mais do que dobra a capacidade de produção da companhia no Rio para mais de 600 mil toneladas por ano. A unidade será sede também do novo centro de distribuição, que antes funcionava na Pavuna. É aposta em retomada na demanda pelo produto.

? A novo Moinho Fluminense dará início a suas operações com produção equivalente ao da unidade anterior, que era de quase 300 mil toneladas por ano. Agora, estamos preparados para crescer junto com a demanda dos clientes ? explica Raul Padilla, presidente da companhia no Brasil. ? Estamos comprometidos com a expansão no país. Nos últimos três anos, investimos US$ 500 milhões na aquisição dos moinhos Vera Cruz (em Santa Luzia, MG) e Pacífico (em Santos, SP), além da construção da planta do Rio.

No segundo trimestre deste ano, a Bunge registrou lucro líquido de US$ 121 milhões, expansão de 40% na comparação com abril a junho de 2015.

No Brasil, os estados do Rio e do Espírito Santo são, juntos, o segundo maior mercado para a companhia no segmento de trigo atualmente, atrás de São Paulo, explica Francisco Ganzer, diretor de trigo e ingredientes da companhia. A moagem total no país é de 1,9 milhão de toneladas.

? O projeto começou a ser estudado em 2006, sendo anunciado em 2014. Com o Porto Maravilha, a mudança de localização se tornou uma necessidade. E, em Caxias, encontramos a localização que combina acesso ao porto, ao mercado carioca e condições de ampliar a produção. No longo prazo, poderá atender a outras regiões ? conta ele, destacando que a Bunge conta com sete moinhos em operação no Brasil.

Os executivos afirmam que com a operação concentrada na Baixada Fluminense, os funcionários que atuavam no antigo moinho e no centro de distribuição foram quase todos aproveitados, com alguma perda resultante da automação e da alta tecnologia utilizada na nova unidade. No total, são 250 trabalhadores.

ESTÍMULO AO CONSUMO

O impulso em demanda, contudo, deve levar mais tempo para chegar. Em 2015, o consumo de farinha no Brasil encolheu 8% para 40 quilos per capita, segundo dados da Abitrigo, que reúne as empresas responsáveis por 75% da moagem no país. É efeito da recessão, que reduziu o consumo de pães e massas ? produtos alimentícios populares ? à mesa do brasileiro.

? No ano passado, levamos um susto. Pela primeira vez, registramos queda no consumo de trigo no país. Tradicionalmente, em períodos de crise, as pessoas apenas compravam outros produtos. Mas a crise atual reduziu o consumo ? destaca Marcelo Vosnika, presidente da Abitrigo. ? Este ano, a queda parou. A previsão é manter o nível de 2015 para, com um melhor cenário econômico, retomar o crescimento a partir do ano que vem.

A entidade vem apostando em ações para ampliar o consumo de produtos à base de trigo no país, com campanhas e também cursos de qualificação em atividades como as de panificação.

A Bunge se prepara para a retomada. O centro de distribuição em Duque de Caxias tem 7.000 metros quadrados, o dobro da área do anterior, e capacidade para armazenar até 6.600 toneladas de produtos.

O histórico Moinho Fluminense, que será totalmente desocupado pela Bunge até o fim do ano, foi vendido e será transformado em complexo que reunirá espaços comerciais, residenciais, shopping, centro médico e outras instalações. O projeto é da Vinci Partners, em parceria com a Carioca Engenharia.