Cotidiano

Miri Regev, política: 'Os palestinos usam os artistas contra Israel'

201608051250165691.jpg “Cresci numa área rural, no sul de Israel, numa família de pais oriundos de
Espanha e Marrocos. Vim de um bairro com muitas dificuldades, mas com alegria e
desejo de desenvolver o país. Hoje, aos 51 anos, sou a mulher mais importante do
meu partido (o Likud, o mesmo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu).”

Conte algo que não sei.

Entrei para o serviço militar aos 18 anos, e cheguei ao
posto mais alto já alcançado por mulheres, o de general-brigadeira. Fiz muitas
coisas nesse tempo no Exército, trabalhei em áreas marginais e pude, através do
Exército, dar oportunidade aos jovens em busca de um futuro melhor. Também fui
porta-voz do Exército, onde tive muitos desafios. Na Segunda Guerra do Líbano,
em 2006, meu trabalho de porta-voz era transmitir informações quando qualquer
cidadão podia gravar imagens com facilidade por celular e jogar na internet. A
guerra, hoje, é mais transparente.

Esse perfil militar não é o que se imagina para uma ministra de
Cultura e Esporte.

O Exército israelense não é como outros exércitos. É um
exército do povo, um serviço obrigatório que carrega bandeiras como cultura,
inovação e desenvolvimento para todo o país. Além disso, os ministros em Israel
não são profissionais do tema que lidam, mas políticos que reúnem equipes que
conhecem bem o tema. E, em todos os cargos que tive no Exército e na política,
sempre carreguei a bandeira de equilíbrio entre os interesses da periferia e dos
centros urbanos, para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A senhora aplica essa bandeira na cultura?

O foco da cultura de Israel estava nos centros urbanos,
sobretudo em Tel Aviv. Mas a cultura precisa crescer não somente no centro, mas
também no interior do país. Por isso faço uma reforma para levá-la a locais mais
distantes, para que seus artistas também tenham oportunidades. Fazemos o mesmo
no esporte. Utilizamos a cultura e o esporte para uma revolução social, sempre
com pluralismo. Queremos envolver toda a população, os árabes, os judeus, os
ortodoxos, os laicos, o centro, o interior, as mulheres e os homens.

Mas a senhora sofre resistência de parte dos artistas israelenses.
Por quê?

Porque ao longo dos anos o poder esteve concentrado no
centro. Mudanças são sempre difíceis, e quem está comendo o queijo não quer que
o tirem dele. Então, quando chega uma nova ministra pregando o pluralismo, quem
detinha o poder se sente incomodado. Nas últimas décadas, a hegemonia cultural
era dos imigrantes do Ocidente. Apenas a cultura da Europa crescia em Israel.
Mas nossa sociedade não é só deles. Outro problema é que havia instituições
culturais que violavam a lei, clamando por atividades terroristas. Esse tipo de
instituição não pode receber apoio do Estado. Não tenho problema com críticas,
mas não aceito que se violem as leis.

Em 2015, Gilberto Gil e Caetano Veloso sofreram pressão para não
se apresentarem em Israel. A senhora acompanhou a polêmica?

O tempo todo temos que enfrentar pressões culturais e
econômicas. Há uma pressão do lobby palestino e de outros extremistas. Os
palestinos usam bastante os artistas contra Israel, é um novo antissemitismo. E,
num tempo em que vários países sofrem do terrorismo radical, ceder a essas
pressões é dar apoio grupos terroristas, em vez de apoiar a democracia.

A senhora teme algum atentado terrorista no Rio?

O terrorismo é o principal inimigo do mundo democrático, e temos que
colaborar com todos os países para combater os radicais. Falando dos Jogos, sei
que estão lidando muito bem com isso e temos toda a esperança que o que houve em
1972, quando mataram 11 atletas israelenses, nunca vá se repetir.