Cotidiano

Ministros da zona do euro pretendem destravar plano de ajuda à Grécia

64992805_A man walks past a slogan on a wall in central Athens on February 2.jpg

AFP ? Os ministros das Finanças da zona do euro se reuniram esta segunda-feira em Bruxelas para destravar o atual plano de ajuda à Grécia antes que comecem uma série de eleições cruciais na Europa que pode complicar uma solução rápida.

“Depois de vários telefonemas neste fim de semana entre o presidente do grupo europeu, Jeroen Dijsselbloem, o Comissário Europeu para Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, e o ministro das Finanças da Grécia, Euclides Tsakalotos, e outros ministros, estamos mais confiantes”, disse à AFP uma fonte próxima as negociações.

O tempo é curto para desbloquear uma nova parcela de ajuda a Grécia, mas os principais credores, os países da zona do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) não chegaram a um acordo sobre a elevada dívida grega e os objetivos econômicos do país.

Sem novos fundos do vigente terceiro programa de resgate, Atenas não poderá devolver cerca de sete bilhões de euros aos seus credores, previsto para julho, e os mercados também “estão começando a reagir”, disse uma autoridade da zona do euro.

Um porta voz do governo grego pediu na quinta-feira “um acordo político de princípios” com seus credores, mas para o alto responsável europeu haverá um esboço de acordo, “no melhor dos casos”.

Independentemente do resultado da reunião do grupo europeu, os olhares estão voltados para o encontro de quarta-feira entre a chefe do governo alemão, Angela Merkel, e a diretora do FMI, Christine Lagarde.

Em seguida, a mandatária alemã se reunirá com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, considerado por muitos como um advogado do governo grego.

DÍVIDA

Após seis anos de resgates financeiros concedidos em troca de duras reformas, a Grécia tem o maior número de desempregados na zona do euro, com 23% (dados de outubro) e sua dívida alcança 176,9% do PIB, cerca de 311 bilhões de euros.

O FMI não quer participar economicamente do vigente programa, de 86 bilhões de euros, porque considera inatingíveis seus objetivos orçamentais, a não ser que se intensifiquem as reformas previstas ou os europeus aprovam uma redução da dívida grega.

Alemanha, a principal economia da zona do euro e a principal credora da Grécia, não quis saber desta segunda possibilidade, mas ela quer a participação no resgate aprovado em 2015 da instituição monetária, como fez nas duas anteriores em 2010 e 2012.

“Eu parto do princípio de que o FMI continuará a fazer parte do plano de resgate à Grécia” disse no domingo à tarde o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, na televisão pública, algo que poderia ocorrer “nas próximas semanas”.

?REINVIDICAÇÕES ABOMINÁVEIS?

A instituição com sede em Washington considera também muito ambicioso o objetivo imposto para a Grécia pelos europeus de um superávit primário, excluindo os pagamentos de juros sobre a dívida, de 3,5% do PIB em 2018.

Para conseguir isso, o FMI pede que Atenas aprove medidas preventivas, como a reforma da aposentadoria e novas medidas fiscais para aumentar as receitas.

No entanto, o governo de esquerda grego, liderado por Alexis Tsipras rejeita as “reivindicações abomináveis” para que o país continue a implementar medidas de austeridade após o final do plano atual em 2018.

“É uma negociação muito difícil”, admitiu um negociador, que pediu anonimato.

A última crise deste tipo, após a eleição de Tsipras, quase implica a expulsão da Grécia da zona do euro. Esse temor começa a surgir novamente, diante do atual impasse e das cruciais eleições na Holanda (março), França (abril-maio) e Alemanha (setembro), onde os partidos antieuropeus estão crescendo nas pesquisas.