Cotidiano

Ministro do STF diz que Judiciário pode 'cometer o mesmo erro que os militares em 1964'

RIO ? O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli fez nesta sexta-feira duras críticas ao papel atual do Judiciário, durante evento sobre direito tributário em Belo Horizonte. O ministro afirmou que o ?Poder Judiciário pode cometer o mesmo erro dos militares em 1964 querendo se achar donos do poder?, se a política for criminalizada e o Judiciário ?exagerar no ativismo?.

? Se criminalizar a política e achar que o sistema judicial vai solucionar os problemas da nação brasileira, com moralismos, com pessoas batendo palma para doido dançar e destruindo a nação brasileira e a classe política… É o sistema judicial que vai salvar a nação brasileira? Vamos cometer o mesmo erro que os militares em 1964 querendo se achar donos do poder?, disse ele.

No discurso, o ministro não citou diretamente a Operação Lava-Jato, mas fez críticas em relação às autorizações judiciais responsáveis por grandes operações.

? Se começarmos a fezer operações que tem 150 mandados de busca e apreensão num único dia ? disse ele sem terminar a frase. ? Vamos levar a um totalitarismo do Judiciário e do sistema judicial. Isso é democracia? Isso é Estado Democrático de direito? ? questionou.

Na palestra, Toffoli lembrou o papel atual do Poder Judiciário.

? Com o desgaste dos militares, porque eles deixaram de ter autoridade moral de ser o poder moderador das crises da federação brasileira, quem acaba por assumir é o Poder Judiciário.

E ressaltou que o Poder Judiciário tem que ter uma preocupação:

? E nesse protagonismo, o Poder Judiciário tem que ter uma preocupação: também não exagerar no seu ativismo. Se exagerar no seu ativismo, ele vai ter o mesmo desgaste que tiveram os militares.

Na quarta-feira, a força-tarefa da Lava-Jato ofereceu denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá. Durante a coletiva de imprensa, o ex-presidente foi chamado de o ?comandante máximo do esquema de corrupção? identificado na Petrobras e em outros órgãos federais durante seu governo.

A defesa de Lula considerou a apresentação ?um espetáculo de verborragia deplorável?. E entrou com representação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pedindo o afastamento dos procuradores da Lava-Jato Julio Carlos Motta Noronha, Roberson Pozzobon e Deltan Dallagnol do caso e que eles se abstenham de emitir qualquer juízo de valor público, por meio da imprensa.

A denúncia é a primeira contra o ex-presidente que foi remetida à 13º Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro.