Cotidiano

Ministro da Defesa estende prazos das tropas federais no ES: ?Ficarão o tempo que for necessário?

INFOCHPDPICT000064831794VILA VELHA – O ministro da Defesa, Raul Jungmann, informou neste sábado, em Vila Velha, que as tropas federais ficarão no Espírito Santo pelo tempo que for necessário, até que o policiamento volte a ser restabelecido. Os policiais militares do estado estão parados nos quarteis, por uma reivindicação de melhores salários, desde o sábado passado. Inicialmente, a Operação Capixaba, como é chamada a cessão de tropas federais ao Espírito Santo, tinha previsão de se estender até o próximo dia 16.

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– A determinação do presidente da República é envolver todos os recursos necessários, pelo tempo que for necessário – disse Jungmann, em pronunciamento no 18º Batalhão de Infantaria, em Vilha Velha, região metropolitana de Vitória. – Quanto à PM, é um tema que cabe ao governo do estado, a quem vamos apoiar em todas as decisões que tomar. As reivindicações são justas, sabemos todos, mas o limite da legitimidade da reivindicação é a proteção e a vida da sociedade. Isso é inaceitável. Aqueles que são bons policiais, devem honrar seu juramento. Fazemos um apelo aos bons policiais que honrem suas fardas e seus juramentos e venham às ruas.
Jungmann veio de Brasília acompanhado do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, do ministro interino da Justiça, José Levi do Amaral, do ministro da secretaria de governo, Antonio Imbassahy, e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen. Todos eles estão reunidos no início desta tarde com os governadores ex exercício e licenciado do Espírito Santo, César Colgano e Paulo Hartung.
A reunião discutirá soluções para a crise depois que, na manhã deste sábado, os policiais aquartelados recusaram cumprir o acordo fechado ontem entre o governo estadual e as entidades de classe dos policiais.
Ao informar que o Espírito Santo conta hoje com 3.130 homens de tropas federais (sendo 300 do Força Nacional de Segurança e o restante das Forças Armadas), o ministro da Defesa cometeu um pequeno exagero.
– Temos ainda 180 veículos, três helicópteros e sete blindados. E são 3.130 homens. Hoje, aqui em Vitória, já temos mais policiamento do que em dias normais – disse Jungmann.
Na verdade, o Comando de Polícia Ostensiva da PM conta com 3.500 homens apenas para patrulhar a região metropolitana de Vitória em dias comuns.
O ministro da Defesa comentou ainda a situação da capital capixaba neste sábado, em comparação com o que havia visto na segunda-feira e afirmou que a normalidade está começando a se restaurada em Vitória.
– Na segunda-feira, era uma cidade fantasma, não se via ninguém nas ruas. Hoje já vi uma cidade que recupera sua normalidade, Vi pessoas circulando, ônibus nas ruas, ainda que não na quantidade habitual.

Com a decisão dos PMs do Espírito Santo de rejeitar o acordo com o governo do estado e manter a greve, a Corregedoria da Polícia Militar decidiu retomar os indiciamentos de praças e oficiais que participam do movimento pelo crime de revolta armada, que prevê pena de 8 a 20 anos de prisão.

O acordo assinado entre o governo do Espírito Santo e entidades de classe de policiais, na noite de sexta-feira, não obteve adesão dos policiais na manhã deste sábado. Eles seguem dentro dos quartéis e mantêm a paralisação iniciada há uma semana, no sábado passado, enquanto as mulheres e familiares completam o movimento ocupando as entradas dos batalhões.

A Secretaria de Segurança confirmou, pouco antes das 9h, que a situação continua a mesma no estado, e que os policiais não voltaram às ruas, como pretendia o governo ao assinar o acordo com as entidades. As associações já não têm mais liderança sobre a maioria da tropa, e fez infrutíferas tentativas, durante a madrugada, de convencer os policiais a voltar para as ruas. Pelo acordo com o governo, quem deixasse os batalhões até as 7h deste sábado, estaria perdoado e não seria processado. Não havia aumento salarial previsto.