Cotidiano

Ministro da Defesa entrega cargo após ser descartado por Netanyahu

JERUSALÉM – O ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, anunciou sua demissão nesta sexta-feira após o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ofereceu o cargo ao ultranacionalista Avigdor Lieberman, ex-chanceler do país. 

“Esta manhã disse ao primeiro-ministro que, devido a seu comportamento durante os últimos acontecimentos, e tendo em vista minha falta de confiança nele, peço demissão do governo e da Knesset (Parlamento) e tiro um descanso da vida política”, escreveu no Twitter o agora ex-comandante do Estado-Maior de Israel.

A inesperada renúncia de Yaalon acontece dois dias depois de o ex-ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman ter afirmado que estaria aberto a levar seu partido de extrema-direita, Yisrael Beitenu, à coalizão de Netanyahu caso fossem atendidas uma série de condições, incluindo a sua nomeação como ministro da Defesa. Netanyahu está em intensas negociações para aumentar sua frágil coalizão, que tem uma maioria de somente um voto no Parlamento. Inicialmente, negociou com os rivais centristas da União Sionista, liderada por Yitzhak Herzog.

Yaalon estava em conflito com Netanyahu por ter estimulado os oficiais a sempre dizer o que pensam, mesmo que suas declarações sejam contrárias às ideias de seus superiores ou dos dirigentes políticos, o que o primeiro-ministro considerou um questionamento de sua política.

Informações da imprensa destacam que Netantayu estudava a possibilidade de oferecer o ministério das Relações Exteriores ao tenente-general da reserva como forma de compensação, mas nunca chegou a fazer uma oferta.

Lieberman é uma das figuras mais polêmicas da política israelense. Ele, judeu de origem soviética, tem pouca experiência militar e já trabalhou como segurança de boate para pagar a faculdade. Parlamentar desde 1999, já foi ministro cinco vezes desde 2001. Sua administração mais polêmica foi como ministro das Relações Exteriores, de 2009 a 2012 e de 2013 até 2015.

Suas opiniões controversas incluem bombardear a represa de Aswan, que fornece energia para todo o Egito, ser contrário à Autoridade Nacional Palestina, defender a pena de morte para terrorismo e até a transferência de cidadãos de origem árabe para os territórios palestinos.

Com os esforços de paz entre Israel e palestinos praticamente congelados, incluir Lieberman no governo afastaria qualquer esperança de recomeçar o processo. A União Europeia e os EUA já criticam Netanyahu por se distanciar das negociações.

“Eu espero que ele viva até os 120 anos, mas acho que nem assim vai chegar perto da capacidade, conhecimento e experiência que Yaalon tem. Mudanças assim não deveriam ser feitas”, disse o ex-ministro Moshe Arens à Rádio do Exército.