Cotidiano

Militares franceses treinam águias para interceptar drones em pleno voo

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PARIS ? Frente a ameaça do uso de drones para espionagem ou ataques, a força aérea da França está mostrando as suas garras. Numa base militar em Mont-de-Marsan, no sudoeste do país, um quarteto de águias reais está sendo treinado para derrubar aeronaves não tripuladas em pleno voo.

Ao som dos jatos Rafale que decolam na movimentada pista, um drone levanta voo. De uma torre de controle, a 200 metros de distância, é ouvido um alto grasnido. Em cerca de 20 segundos, a ave, batizada como D?Artagnan, tem o drone entre as garras, que é imediatamente levado ao chão e coberto pelas imensas asas marrons.

Em referências aos ?Três Mosqueteiros?, do autor francês Alexandre Dumas, as outras águias são chamadas Athos, Porthos e Aramis.

A base de Mont-de-Marsan é uma das cinco da força aérea francesa a manter grupos de falcoaria. Normalmente, as aves de rapina são mantidas para afastar outros pássaros da pista e reduzir os riscos de acidentes durante pousos e decolagens. Mas com o alerta contra ataques terroristas desde janeiro de 2015, eles foram recrutados pela segurança nacional.

? Os resultados são encorajadores. As águias estão fazendo bom progresso ? disse o comandante Christophe, que lidera um esquadrão que está treinando as aves em Mont-de-Marsan, em entrevista à AFP.

A polícia holandesa foi a pioneira no uso de aves de rapina para interceptação de drones, com o treinamento de águias carecas que entraram em serviço no fim de 2015. Os militares franceses seguiram o mesmo caminho, mas optaram pelas águias reais, animais naturais dos países europeus, que chegam a medir 1 metro de altura e envergadura das asas de 2,50 metros.

Como toda ave de rapina, as águias reais têm excelente visão, capaz de detectar um alvo a dois quilômetros de distância. Com peso variando entre três e cinco quilos, elas têm praticamente o mesmo peso da maioria dos drones comerciais.

COMO FUNCIONA O TREINAMENTO

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Nascidos em cativeiro, os quatro ?mosqueteiros? têm o alimento servido em cima de drones destruídos desde quando tinham apenas três semanas de vida. Graças a essa técnica, as aves rapidamente começaram a procurar por aeronaves controladas remotamente para se alimentarem. Então, quando um drone surge no ar, o instinto de caça faz com que as aves ataquem. Durante os treinos, sempre que um drone é derrubado, a ave recebe um pedaço de carne.

Os treinos começaram com voos em linha reta, para depois avançarem para mergulhos. O primeiro relatório de progresso está programado para junho, na metade do período de 24 meses planejado. As primeiras impressões são positivas.

? O custo é muito baixo considerando o trabalho executado ? disse o comandante Laurent, citando locais estratégicos onde as aves podem ser usadas, como aeroportos e eventos, como shows e torneios esportivos.