Agronegócio

Milho começa a ser colhido, mas transporte ainda é dúvida

Cascavel – Enquanto os silos e os armazéns seguem lotados com parte dos grãos colhidos ainda na safra passada, os produtores rurais já começaram a colheita do milho safrinha na região oeste do Paraná. A estimativa do Deral (Departamento de Economia Rural) é de que cerca de 2% das lavouras já tenham sido removidas do campo e a intensificação ocorre a partir do dia 15 deste mês.

No oeste são 730 mil hectares destinados ao cereal e a expectativa de produção é de algo em torno de 4 milhões de toneladas, 20% menos do que no início do ciclo, quando eram esperadas quase 5 milhões de toneladas. A quebra ocorreu em decorrência da falta de chuva em abril e maio.

Apesar de o milho já ter destino certo, quase tudo para o mercado interno nas cadeias de aves, suínos e leite, o cereal primeiro deixa o campo e segue para os armazéns para só então chegar ao processador final. O problema está nessa última etapa do transporte, o que deve fazer com que a safra permaneça mais tempo estocada, amontoando-se e dividindo espaço com a soja do ciclo de verão.

Somente da oleaginosa são mais de 1 milhão de toneladas cuja venda simplesmente estacionou desde o início da greve dos caminhoneiros, em 21 de maio. Os contratos deixaram de ser firmados de vez quando o governo publicou a tabela do preço mínimo do frete dia 30 de maio como uma das reivindicações para pôr fim à greve.

O que deveria ter vindo para solucionar o problema de um setor, fez com que outros fossem criados, cercados por brigas judiciais.

De um lado entidades e instituições que representam o setor produtivo pedindo na Justiça a derrubada da tabela alegando que os preços devem ser seguir a lei da oferta e da procura e que não cabe ao governo o tabelamento. Do outro, um braço que representa a categoria dos caminhoneiros alertando que os preços que vinham sendo praticados não eram condizentes com a realidade e que o setor estava pagando para trabalhar. No meio está o governo, que espera que agora tudo isso seja decidido pelo Supremo Tribunal Federal no dia 27 de agosto, quando a legalidade do tabelamento deve então ser analisada.

Até lá, alguns setores se viram como podem. É fato que menos caminhões estão transportando cargas pelas rodovias do Estado, mas os contratos antigos estão sendo cumpridos.

Segundo o economista Jeffrey Albers, do Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), um dos aspectos que têm aberto precedentes é o transporte daquilo que foi vendido em contratos fechados antes de 30 de maio quando a tabela foi fixada, praticando então os preços antes acordados. “Isso gera uma grande dúvida de quem embarca e do embarcador, uma grande insegurança jurídica, mas isso no mínimo abre um precedente para discussão lá na frente caso seja determinado o pagamento atual. Não se pode onerar contratos firmados antes da data da publicação da tabela, quem pagaria esta diferença?”, reforça o economista.