Cotidiano

Milhares de venezuelanos lotam centros para confirmar assinaturas por referendo

201606201353507198_AP.jpg CARACAS ? Nesta segunda-feira, venezuelanos começaram a validar suas assinaturas em favor da convocação de um referendo revogatório contra Nicolás Maduro. Segundo líderes da oposição, há filas em muitos dos 115 pontos de validação instalados pelo país. Este é um passo essencial exigido pelo órgão eleitoral para ativar uma consulta popular que pode encurtar o mandato do presidente da Venezuela. venezuela2006

? O relato que temos em todo o país é de filas nos pontos de validação. O processo é massivo em todo o país ? disse o líder opositor Henrique Capriles, que também é governador do estado de Miranda.

Segundo Jesús Torrealba, secretário-executivo da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), mais de 1.060 pessoas validaram suas assinaturas na Praça Venezuela, em Caracas, entre 06h e 10h50 desta segunda-feira.

A expectativa da oposição é alcançar a quantidade de validações exigidas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) até a manhã de terça-feira ? que corresponde a 1% das firmas aprovadas pelo órgão eleitoral. Em maio, a oposição venezuelana entregou um total de 1,85 milhão de assinaturas em favor da convocação do referendo revogatório.

O processo acontece em todo o território venezuelano a partir desta segunda-feira até a próxima sexta-feira, dia 24 de junho.

No entanto, deputados oposicionistas reclamaram da baixa quantidade de equipamentos para o processo de validação disponibilizados pelo órgão eleitoral.

? O objetivo do CNE foi não nos dar material suficiente para validar as assinaturas e, assim, atrasar o processo do referendo revogatório ? disse o deputado Stalin González ao ?El Universal?.201606201427437287_AP (1).jpg

TENSÃO POLÍTICA

Os opositores acusam o CNE de retardar o processo para impedir que a consulta seja realizada ainda este ano. Se confirmado, o referendo pode abreviar o mandato de Maduro, previsto para até 10 de janeiro de 2019, e novas eleições seriam convocadas. Caso a consulta ocorra somente no próximo ano, o vice-presidente assumiria no lugar de Maduro.

? Que ninguém fique sem validar, o referendo vai acontecer este ano, é um direito constitucional. A maioria quer o referendo, o que falta é permitir que os venezuelanos possam decidir o destino do país ? apelou Capriles nesta segunda-feira.

Não houve registro de irregularidades em nenhum dos postos de validação, segundo a imprensa local. Nas últimas semanas, a Venezuela teve uma série de protestos enquanto o governo e a oposição travam uma batalha política e institucional.

A oposição venezuelana tem investido em uma forte ofensiva contra o mandato de Maduro. Nos últimos meses, parlamentares contrários ao seu governo declararam uma campanha pela sua saída do governo, que inclui diferentes mecanismos legais e a convocação de manifestações nas ruas.

Maduro viu sua popularidade despencar devido à recessão brutal, uma inflação de três dígitos, escassez generalizada de produtos e longas filas nos estabelecimentos comerciais. Pequenas manifestações anti-Maduro e saques vêm acontecendo em várias cidades nas últimas semanas.