Cotidiano

México tem revolta e onda de saques após alta nos combustíveis

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CIDADE DO MÉXICO – O aumento dos preços dos combustíveis no México levou a uma revolta popular pelo país, resultando em mais de 600 pessoas presas e cerca de 300 lojas saqueadas em vários estados e na capital federal, além de protestos e bloqueios de estradas. Um policial foi morto e cinco ficaram feridos, um deles em estado grave, por conta dos distúrbios. A onda de protestos começou após o governo, no domingo, aumentar os preços da gasolina em 20,1% e do diesel em 16,5%, a maior alta em anos, como parte de uma política de liberação de preços.

Apenas na Cidade do México foram contabilizados 29 roubos e atos de vandalismo, com 106 pessoas detidas, segundo comunicado da Secretaria de Segurança Pública. A nota informa que um policial morreu após ser ?atropelado ao impedir um roubo em um posto de combustíveis?, enquanto outro agente ficou gravemente ferido em um incidente diferente.

O governo afirma que a situação está controlada. A secretária de Governo da capital, Patricia Mercado, afirmou que ?a cidade amanheceu bem, estável, calma?. Por sua vez, o secretário de Desenvolvimento Econômico da Cidade do México, Salomón Chertorivski, assegurou que os saques foram ?fatos isolados?.

? A atividade econômica está ocorrendo com total normalidade ? afirmou ele.

Entretanto, as ruas da capital mexicana estavam praticamente vazias ontem, com helicópteros da polícia fazendo sobrevoos. Em uma entrevista coletiva sobre a onda de violência que tomou conta do país, o presidente da Câmara Nacional de Comércio, Serviços e Turismo da capital, Humberto Lazcano, denunciou que houve momentos ?de temor e pânico desmedido?.

? Cerca de 20 mil pequenos negócios na Cidade do México fecharam as portas, com perdas de 52 milhões de pesos (R$ 7,7 milhões) ? afirmou Lazcano.

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Já o diretor da Associação Nacional de Supermercados, Manuel Cardona, afirmou, em entrevista à Rádio Fórmula, que cerca de 250 lojas foram saqueadas na capital e nos estados de México, Hidalgo, Michoacán, Veracruz, Tabasco e Quintana Roo. Cardona pediu ainda a intervenção de forças federais e, caso necessário, do Exército, porque, segundo ele, a situação está fora de controle.

Na quarta-feira, o presidente Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), havia dito que compreendia ?o incômodo e a raiva? pela alta dos combustíveis, mas sustentou que os aumentos eram resultado da alta nos preços internacionais e necessários para manter a estabilidade econômica do país. Ontem, ele reuniu o Gabinete para fazer uma avaliação da situação. Do lado de fora, centenas de manifestantes fizeram uma passeata rumo à residência presidencial, mas foram impedidos por um bloqueio policial. ?Abaixo a reforma Energética?, era o que se lia em um cartaz.

? Quero me livrar da culpa por votar no PRI. Tenho netos e me daria vergonha saber que não fiz nada ? contou, no meio da manifestação, a comerciante Emma Cabrera Albarrán, de 58 anos.

?Tratam-se de atos à margem da lei que nada têm a ver com uma manifestação pacífica?, disse em comunicado o subsecretário de governo, René Juárez. ?Fazemos um firme pedido para que se evitem atos de vandalismo e violência, que não beneficiam ninguém?, acrescentou. A polícia da capital mandou às ruas nove mil agentes para se somarem ao efetivo normal, que contam com o apoio de 13 helicópteros e 20 mil câmaras de vigilância.

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