Cotidiano

México afasta chefe da polícia federal para investigar massacres

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CIDADE DO MÉXICO ? O governo mexicano afastou o chefe da polícia federal após acusações de que agentes executaram arbitrariamente 22 pessoas em uma operação realizada em maio de 2015 no estado de Michoacán, no Oeste do país. Enrique Galindo ainda fica fora do cargo para que sejam alvo de inquérito outros casos, como a morte de oito pessoas num protesto em Oaxaca, em junho deste ano.

“No marco dos fatos recentes e por instruções do presidente da República, o comissário-geral da Polícia Federal, Enrique Galindo, foi afastado do cargo”, disse em nota o ministro do Interior, Miguel Angel Osorio Chong. “A destituição tem como objetivo facilitar que as autoridades correspondentes levem adiante uma investigação ágil e transparente de frente à cidadania.” mexico

O suposto massacre foi relatado pela Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH). No total, 42 civis e um oficial morreram na ação. Os agentes também são acusados pelo órgão de outros crimes, incluindo torturar duas pessoas detidas.

De acordo com o ombudsman da CNDH, Ismael Eslava, na leitura do documento, a Polícia cometeu violações do direito à vida pelo uso excessivo da força que derivou na execução arbitrária de 22 civis. Com base em provas técnicas e científicas, a CNDH denunciou em seu relatório que a Polícia Federal também cometeu atos de tortura em agravo de duas pessoas detidas, alterou a cena ao mover cadáveres e colocar neles armas de fogo de forma deliberada.

Os fatos remontam a 22 de maio de 2015, em um dos mais sangrentos confrontos da luta antidrogas lançada pelo governo mexicano. A guerra contra os cartéis do crime organizado começou há uma década no país. Neste dia, as forças federais realizaram uma complexa operação contra o cartel Jalisco Nueva Generación, em um rancho de Tanhuato, situado nos limites de Michoacán e de Jalisco. Morreram na operação 42 supostos criminosos e um agente federal.

Organizações defensoras de direitos humanos, dentro e fora do México, denunciam há anos abusos e casos de tortura de policiais e militares. Em abril, promotores da Cidade do México abriram uma investigação contra quatro policiais que apareciam em um vídeo agredindo e insultando três suspeitos de assalto. As imagens ganharam as redes sociais dias depois de outra polêmica gravação, que mostrava militares e um agente federal torturando uma mulher. MEXICO-POLICE_-GL42SCRL2.1.jpg