VERACRUZ ? A tradicional festa de carnaval em Veracruz, no México, começou com um gesto bastante simbólico. Entre carros alegóricos e desfiles, centenas de foliões queimaram uma réplica do muro que o presidente dos EUA, Donald Trump, pretende construir na fronteira para frear a imigração ilegal. A promessa do republicano vem gerando polêmica e, sobretudo, temores entre os mexicanos dentro e fora do território americano.
? Todos os mexicanos têm que fazer isso: não ter medo do novo presidente e enfrentá-lo com trabalho e com o coração ? disse a arquiteta Leslie Ramos, que, junto à sua família, contemplava a escultura com a legenda “O Muro”.
Eva Silvia Mulato, de 28 anos, relatou os dias de angústia que seus familiares viveram em Los Angeles, na Califórnia, após a descoberta de que seus conhecidos podem ser deportados. Recentemente, Trump anunciou seu plano para reforçar o controle migratório, facilitando as deportações de ilegais em todo o território americano.
? Na minha casa não gosto do carnaval, mas desta vez eu vim porque é um clamor de todos os mexicanos que este senhor Trump cale a boca e nos deixe trabalhar ? disse.
As relações entre os Estados Unidos e México ficaram abaladas desde a posse de Trump, que chegou a classificar os mexicanos ilegais de criminosos e agressores sexuais. Em janeiro, uma crise diplomática se instaurou quando o chefe da Casa Branca assinou decretos para a construção de um muro na fronteira e insistiu que a obra seja paga pelo governo mexicano.
As novas políticas de Trump também causaram revolta no México. A Casa Branca anunciou também que os imigrantes sem documentos que entrarem ilegalmente nos EUA pelo México serão devolvidos ao país ? independentemente de sua nacionalidade. Em seguida, autoridades intensificaram as críticas ao governo de Trump e afirmaram que poderão recorrer à ONU.
