Cotidiano

Merkel rechaça proibição de burca nas ruas da Alemanha

GERMANY-ELECTION_BERLIM ? Apesar de considerar a burca e o niqab um ?obstáculo à integração?, a chanceler alemã, Angela Merkel, argumentou que a permissão do uso da veste islâmica é uma forma de respeitar a liberdade religiosa e o direito de cada um de ?expressar publicamente suas crenças?.

A declaração foi feita em um ato sobre liberdade religiosa na quarta-feira, organizado pelo partido de Merkel, o CDU (União Cristã-Democrata), e segue a linha de comentários anteriores do ministro do Interior, Thomas de Maizière.

Dirigentes dos 16 estados alemães concordaram em agosto em impulsionar uma proibição da burca em tribunais, repartições públicas, escolas ou motoristas de automóveis. De Maizière chegou a prometer algum tipo de regulamentação, mas rejeitou uma proibição total com o argumento de que seria contrário à Constituição.

Os recentes ataques terroristas reivindicados por extremistas islâmicos na Europa reacenderam o debate sobre os hábitos da comunidade muçulmana e tudo aquilo que remete ao fundamentalismo islâmico.

Dentro do governo alemão, os partidos estão divididos sobre o tema. Aliados de Merkel apresentaram um pacote de propostas que incluíam a proibição total da burca.

? Não quero ter que encontrar com nenhuma burca no país. Sou burcófono ? disse Jens Spahn, secretário de Estado de Finanças e um proeminente jovem dirigente da CDU.

A grande maioria dos cidadãos defende algum tipo de limitação para a burca e vestes similares. De acordo com uma pesquisa realizada no mês passado pela TV estatal ARD, a metade dos entrevistados é a favor de uma proibição total. Outro terço se posicionou favor do veto em alguns espaços públicos. Apenas 15% responderam que não viam necessidade de nenhum tipo de regulamentação.

Na França, prefeitos de várias cidades proibiram o uso de burquíni (traje de banho islâmico) em suas praias, numa polêmica que ecoou dentro e fora do país.