Cotidiano

Mercado de tintas ganha produtos calibrados com alta tecnologia

201606211908588549.jpg Tinta RIO – A ligação entre a nanotecnologia e uma demão de tinta pode ser muito mais próxima do que se imagina. Nos últimos anos, os fabricantes desses produtos mergulharam numa verdadeira revolução tecnológica até chegarem a uma cartela de produtos que reluz como infinita a olhos nus. Há tintas sem cheiro, ou com secagem em tempo recorde e, ainda, outras com propriedades térmicas. Isso sem falar na variedade cada vez maior de tons e cores.

? A indústria deste setor está em constante evolução e desenvolvimento, para atender tanto às necessidades dos consumidores finais quanto dos pintores ? observa o presidente-executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas, Dilson Ferreira.

Ele afirma que, para dar conta dessas demandas, as fábricas passaram a investir em laboratórios equipados e modernos, onde desenvolvem seus produtos. Um forte exemplo, segundo ele, são as tintas com funções térmicas, capazes de absorver e repelir o calor.

? Nestas, estão sendo empregados princípios da nanotecnologia ? ilustra ele.

Um dos exemplares disponíveis no mercado é a Metalatex Eco Telha Térmica, da Sherwin-Williams. O produto é vendido com a promessa de refletir a energia solar, mantendo a temperatura mais amena, no verão, e transferir a energia absorvida pela telha para o ambiente interno, no inverno. Segundo o fabricante, a linha reduz em até 30°C a superfície pintada e em 1°C a temperatura interna.

O portfólio de inovações da companhia também inclui produtos como a Metalatex Elastic, que tem borracha em sua composição, sendo indicada para a parte externa de edificações. Sua fórmula possibilita repelir imediatamente a água, fazendo com que ela escorra carregando fuligens, assumindo assim uma característica ?autolimpante?.

Além disso, sua propriedade elástica permite que ela acompanhe movimentações da superfície, evitando microfissuras.

QG TECNOLÓGICO

O gerente de marketing da empresa, Eginaldo Franzão, conta que parte significativa dessas mudanças sai do centro de tecnologia da fabricante em Cleveland, nos Estados Unidos. Mas também há muita coisa desenvolvida no Brasil. É o caso da Metalatex Litoral, vendida como uma tinta acrílica de alta performance para áreas externas.

? Percebemos que algumas regiões litorâneas brasileiras priorizam cores fortes. Então, adaptamos uma formulação para oferecer essas tonalidades em um produto com maior resistência ao desbotamento causado pela maresia. Fez tanto sucesso que as pessoas estão usando até no interior do país ? ilustra Franzão.

A Coral segue na mesma direção. Segundo Mateo Lazzarin, gerente técnico da AkzoNobel Tintas Decorativas, a inovação é uma prioridade. Não por acaso, a companhia possui equipamentos de ressonância magnética que só três empresas brasileiras têm igual. O resultado desse investimento em tecnologia são produtos como o Decora Luz&Espaço, cujas partículas refletem o dobro da luz, e a Coral Super Lavável, uma tinta acrílica com um aditivo que age nas paredes, fazendo com que líquidos como água, café, refrigerante e vinho sejam repelidos.

Fora isso, como ressalta Lazzarin, boa parte desses avanços se desdobra em soluções sustentáveis. É o caso dos produtos cuja resina é extraída de garrafas PET.

? Reutilizando a matéria prima dessa forma, a gente diminui o impacto da extração de um componente fóssil e finito, que é o petróleo ? diz.

telhado.jpgTantos incrementos também criaram a necessidade de uma nova postura por parte dos pintores. Por isso, os próprios fabricantes investem na capacitação. Só no ano passado, a AkzoNobel treinou 60 mil profissionais em todo o país, número que deve se repetir esse ano.

? Esses produtos exigem do pintor um pouquinho mais de treinamento para que os resultados, de fato, apareçam ? justifica Lazzarin

A coordenadora da loja Amoedo + Design, Sônia Martinelli, que conhece bem o público final, explica que o treinamento de pintores é, de fato, importante. Sem isso, a tecnologia corre o risco de se perder.

? Essas inovações realmente mudaram o cenário. Para se ter uma ideia, temos produtos hoje com garantia de fábrica de dois anos contra desbotamento. Também há muitas opções mais fáceis de aplicar e livres de cheiro. Mas, como exigem aplicação específica, o lado negativo é que ainda há poucas pessoas preparadas para lidar com elas ? reflete Sônia.

? Alguns produtos envolvem etapas, como um fundo preparador antes da aplicação. Se o pintor ignora isso, a tinta não proporcionará todo o benefício prometido.

Sônia afirma que o público aceita bem tantas novidades. Quando a venda é assistida e as vantagens bem explicadas, o cliente acaba levando.

? Com tantas especificidades, não se escolhe mais a tinta apenas pela cor. É possível encontrar tipos específicos para cada ambiente e necessidade. Há opções acrílicas sem cheiro e que bloqueiam 90% de germes na parede. São ótimas para ambientes com crianças ? exemplifica.

NEM TUDO QUE RELUZ É OURO

A designer de interiores Rosa Prado, por sua vez, recomenda aos clientes um pouco de ponderação diante de tantas ofertas mirabolantes nas lojas. Segundo ela, que é sócia da AR Interiores, algumas coisas não mudaram.

? A melhor tinta com relação custo-benefício para dentro de casa continua sendo a acrílica acetinada, porque se sujar você só precisa passar um paninho ? garante, ressaltando que a grande evolução, de fato, foi o aumento na variedade de cores e a redução do cheiro nas tintas esmalte.

Segundo ela, há um pouco de ?conversa fiada? em torno de alguns produtos, cujos resultados não são tão perceptíveis. Por isso, vale se precaver.

? Meu conselho é conversar com um designer de interiores ou um arquiteto. A gente está no mercado e conhece bem esses produtos. Um pintor bem treinado também pode ajudar muito, já que ele testa essas tintas ? aconselha.