Cotidiano

Menina de 7 anos registra o cotidiano de guerra na Síria pelo Twitter

bana.jpgALEPPO ? Bana Alabed quer paz. Uma entre milhares de crianças que viu a curta vida envolta na guerra da Síria, a menina de 7 anos publica desde setembro súplicas a líderes internacionais e fotos de seu cotidiano que culminaram em um relato do conflito em Aleppo, onde mora. Bana recebe a ajuda da mãe, professora de língua estrangeira, para escrever as mensagens em inglês. Ela dispõe de um fraco sinal de 3G e de wifi para atualizar a conta, que já reúne quase 60 mil seguidores, os quais costuma avisar toda manhã que está viva.

?Necessito de paz?, escreveu a menina em sua primeira mensagem no ambiente virtual. Um tweet fixado no topo de sua página pessoal, uma foto de Bana com um livro acompanha o pedido de paz: ?Boa tarde, direto de Aleppo. Estou lendo para esquecer a guerra?. Cansada do conflito e saudosa da escola, ela pede ?por favor? que parem a guerra e registra os efeitos dos bombardeios na cidade que vê da janela. Às vezes a crítica é direta: já rogou, em diferentes postagens, que o presidente americano Barack Obama, o presidente russo Vladimir Putin e o ditador sírio Bashar al-Assad freassem a matança.

?Senhor Assad, eu não sou uma terrorista. Só quero viver sem bombardeios, por favor?, ela roga, em referência à acusação do ditador, de que Bana não seria uma fonte crível e teria as publicações promovidas por criminosos.

A criança relata um passado que não existe mais. Mostra o parquinho em que costumava brincar, hoje, em ruínas. Também registrou a casa do amigo destruída por um ataque aéreo do governo.

Temente pela própria vida, ela escreve aos seguidores que reza por passar a noite em paz. Bana, cuja maturidade surpreende, complementa os arquivos com fotos de antes do conflito. Diz que ?quer viver como menina?, algo que o cenário violento não a permite.

Na publicação mais recente, revela o medo: ?Isso pode nos matar a qualquer momento?. Corajosa, segundo os internautas, a menina não esconde o temor: nos vídeos, não raro aparece tapando os ouvidos para não escutar o barulho dos ataques.