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Medina e John John polarizam disputa do título mundial de surfe

De um lado, um havaiano de 23 anos, dono de um talento natural absurdo e apontado por muita gente como o melhor surfista do mundo. Do outro, um brasileiro de 22 anos, que agitou o mundo do surfe quando despontou no WCT com seu repertório de manobras modernas e competitividade extrema. Após a etapa francesa do circuito mundial, encerrada na última quarta-feira, John John Florence e Gabriel Medina dispararam na ponta do ranking. Restando apenas dois campeonatos para o fim da temporada, em Portugal e no Havaí, os dois polarizam a briga pelo título mundial de 2016.

O havaiano lidera com 48.150 pontos, 2.700 a mais que o brasileiro. O australiano Matt Wilkinson, que começou o ano com tudo, vencendo as duas primeiras etapas, perdeu fôlego e já está quase 10 mil pontos atrás do líder. Cada etapa distribui 10 mil pontos ao campeão.

Matematicamente, nove surfistas – incluindo os brasileiros Filipe Toledo e Adriano de Souza – ainda têm chances de título, mas, na prática, ninguém apostaria dinheiro em um campeão diferente de John John ou Medina.

O havaiano pode até mesmo levantar a taça no evento de Portugal, que começa nesta terça-feira, caso vença a etapa e Medina não passe da quinta fase. O campeonato será realizado na praia de Supertubos, em Peniche, e tem prazo para ser encerrado até o dia 29.

John John Florence estreia contra o brasileiro Jadson André e o convidado português Miguel Blanco na primeira fase. Gabriel Medina terá pela frente o americano Conner Coffin e outro convidado português, Frederico Morais.

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O mais provável, porém, é que a decisão do circuito fique para a última etapa, em Pipeline, no Havaí, de 8 a 20 de dezembro, como tem ocorrido nas últimas temporadas.

MEDINA ANIMADO

O vice-campeonato na França, com derrota para Keanu Asing na final, deu novo ânimo ao paulista de Maresias. Gabriel Medina se aproximou da ponta, já que John John perdeu nas semifinais, e pode assumir a liderança do ranking se vencer em Portugal, desde que a final não seja contra o havaiano.

– Fiquei feliz com o segundo lugar, mas ficaria mais feliz ainda se tivesse vencido. Foi um bom aquecimento para Portugal. É bom estar mais próximo do John John, e não vou desistir – disse Medina.

É bom estar mais próximo do John John, e não vou desistir

No ano passado, a World Surf League (Liga Mundial de Surfe) lançou o slogan publicitário “You can’t script this” – algo como “Você não pode prever isso” – para divulgar o circuito. Uma disputa de título entre John John e Medina, porém, cai como uma luva no script pretendido pela entidade. Com a iminente aposentadoria do multicampeão Kelly Slater, que está com 44 anos, o ano sabático de Mick Fanning e o ocaso na carreira de nomes como Joel Parkinson e Taj Burrow, que se aposentou no meio desta temporada, a WSL precisa de novos ídolos.

Apontados pela mídia especializada como os rivais do futuro, Medina e John John entraram juntos no circuito, em 2011. O brasileiro logo assombrou a todos vencendo campeonatos na França e Califórnia, confirmando seu potencial e demonstrando que um título mundial era questão de tempo. Ele veio em 2014, e logo alçou Medina à condição de ídolo nacional.

O havaiano, por outro lado, sofria com sua irregularidade. Brilhava em uma bateria para ser eliminado logo na sequência. Parecia surfar melhor nos treinos, sem pressão, do que nos campeonatos.

O talento apareceu naturalmente em um garoto que cresceu de frente para a onda de Pipeline e desde pequeno se acostumou a competir contra os melhores do mundo nas ondas havaianas.

Apesar de sua irregularidade, John John chegou em quarto no ranking em 2012 e foi terceiro em 2014. Arrebatou uma legião de fãs ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde sempre é muito tietado durante a etapa do circuito mundial.

Quero ser campeão mundial. Este é o meu principal objetivo

Nesta temporada, o havaiano parece mais focado. Venceu no Rio e ainda fez finais na África do Sul e Taiti.

– Quero ser campeão mundial. Este é o meu principal objetivo – deixou claro John John, que tem três vitórias em etapas do circuito na carreira (duas no Rio e uma na França).

Gabriel Medina já tem sete vitórias no WCT em seu currículo e foi, além de campeão em 2014, terceiro do mundo no ano passado, quando o título ficou com Adriano de Souza, o Mineirinho.

RETROSPECTO EM PORTUGAL

Nenhum dos dois favoritos já venceu em Portugal. Medina fez uma final, em 2012, quando perdeu para o australiano Julian Wilson em resultado extremamente polêmico. John John tem um terceiro lugar em 2014 como seu melhor resultado.

No ano passado, Medina parou nas quartas de final, enquanto John John não passou da terceira fase. Se esse resultado se repetir neste ano, o brasileiro viajará para o Havaí na ponta do ranking.