Cotidiano

Médico morto em atentado esperava extradição de filho que lutou pelo EI

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ISTAMBUL – Uma das vítimas fatais estrangeiras no ataque terrorista ao aeroporto Atatürk, em Istambul, que deixou 42 mortos e 238 feridos, um médico militar tunisiano estava pronto para encontrar seu filho, detido após ter se juntado ao Estado Islâmico na Síria. Fathi Bayoudh, 58 anos, acabou sendo vítima de um ataque atribuído não oficialmente ao próprio grupo terrorista. istambul

Única vítima da Tunísia no ataque, Bayoudh, que comandava a ala pediátrica do hospital militar de Túnis, estava esperando o desembarque de sua mulher no aeroporto Atatürk. Ele esteve no último mês procurando informações sobre o paradeiro do filho, que acabou preso na Turquia.

O primogênito, Anouar Bayoudh, se juntou há dois anos ao Estado Islâmico e foi com a mulher para a Síria, tendo mentido para o pai ao dizer que iria para a Suíça. Acabou se juntando aos combates no país. No entanto, após comunicações com a família, foi persuadido a deixar a vida sob o EI. Quando pisou na Turquia, foi preso.

De acordo com a Chancelaria tunisiana, o coronel passou semanas procurando onde Anouar estaria preso. Ao achá-lo, informou a mulher e resolveu acompanhá-lo para ajudá-lo a começar uma nova vida.

A tragédia revelou histórias de heroísmo e desolação pelas vítimas. Enquanto os funerais e enterros dos mortos começam a ser realizados, vêm à tona famílias despedaçadas pelo ataque e funcionários que perderam a vida ? e ainda as de outros que arriscaram suas vidas por desconhecidos, como um policial e um taxista.

Entre as vítimas fatais, Yusuf Haznedaroglu voltava para a casa após o final do seu turno para encontrar sua mulher, com quem estava prestes a se casar ? a apenas 10 dias ?, de acordo com a rede ?HaberTurk?.

? Ele estava gravemente ferido da última vez que o vi ? disse o pai, Yusuf.

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Outra morte confirmada foi o intérprete Ertan An, que acompanhava um grupo de turistas. Sua mulher está grávida de seis meses.

Milhares de pessoas foram hoje à Mesquista Yenimahalle para prestar homenagens a Gûlsen Bahadir, uma das primeiras vítimas do atentado. Ela tinha 27 anos e fazia parte da equipe que trabalhava no terminal de chegada do aeroporto que foi atacado. Alguns de seus colegas de trabalho vestiam o uniforme do aeroporto.

? Ela era uma boa pessoa, tão divertida e vívida. Era muito jovem para morrer ? disse um colega, citado pelo ?Telegraph?.

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Enquanto o número de vítimas da carnificina sobe ? muitos baleados morreram nos hospitais ? outras histórias de heroísmo chamam a atenção.

Imagens divulgadas nas redes sociais mostram taxistas carregando vítimas dos ataques. Numa delas, um motorista anônimo carrega uma menina ensanguentada para levá-la ao hospital.

Na troca de tiros que terminou com a morte de um dos terroristas, um policial mostrou impulso: após atirar, o agente pula para imobilizá-lo. No entanto, quando vê que o atacante está prestes a detonar um explosivo, corre para se salvar.

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