BEIRUTE ? A líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, se recusou nesta terça-feira a vestir um véu para se reunir com o mufti da República do Líbano, Abdelatif Derian, em Beirute. Ela desistiu de comparecer ao encontro no gabinete do líder sunita, em um episódio de alto constrangimento diplomático. Com um forte discurso xenofóbico e anti-imigração, Le Pen desponta como uma das candidatas favoritas para as eleições presidenciais deste ano na França.
A presidente da legenda populista Frente Nacional (FN) chegou na manhã desta terça-feira ao gabinete de Derian em Aicha Bakkar. Ela foi recebida com um véu, que deveria ser usado durante a reunião com o líder sunita. Foi então que Le Pen expressou indignação pelo que chamou de imposição e se recusou a seguir adiante com o encontro.
? Ontem indiquei que não colocaria um véu. Não cancelaram o encontro. Acreditei, portanto, que aceitariam que não usasse um véu. Tentaram me impor isso ? disse Le Pen a jornalistas.
Em maio de 2015, a política francesa visitou o Egito e se reuniu no Cairo com Ahmed al-Tayeb, o grande imã de Al Azhar, a principal instituição teológica no mundo do islã sunita. Na ocasião, ela não vestiu véu. Le Pen usou este argumento para explicar sua desistência do encontro no Líbano.
? A mais alta autoridade sunita do mundo não havia feito esta exigência. Mas não importa, transmita ao grande mufti minha consideração, mas não usarei um véu ? disse imediantamente antes de deixar o local.
Dar al-Fatwa, a maior autoridade sunita no Líbano presidida pelo mufti, declarou nesta terça-feira em um comunicado que seu gabinete havia informado a candidata presidencial sobre a necessidade de cobrir a cabeça durante sua reunião com o mufti, seguindo o protocolo de Dar al-Fatwa. A instituição se declarou surpresa pela rejeição de Le Pen e lamentou o que chamou de comportamento inadequado da presidenciável.
