Cotidiano

Maranhão sinaliza a deputados, por email, que não descontará salário de ausentes na próxima semana

waldir-maranhãoBRASÍLIA – Horas depois de cancelar parcialmente o recesso que deixaria os deputados de férias na semana que vem, o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), mandou um e-mail aos colegas, na manhã deste domingo, garantindo que as sessões de segunda e terça-feira não terão “efeito administrativo”. O termo é uma senha para garantir que não descontará o salário dos deputados faltosos.

Por causa dos festejos juninos, Maranhão tinha liberado os parlamentares na próxima semana, pressionado pela bancada do Nordeste, como fez nesta semana, mas voltou atrás depois da repercussão negativa da decisão entre os deputados e ministros do governo interino de Michel Temer (PMDB-SP).

Primeiro secretário da Câmara, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) criticou os recuos do presidente interino e disse que, diante de mais uma decisão intempestiva de Maranhão, será difícil conseguir quórum para votar matérias importantes para o governo interino, como o projeto que trata da gestão dos fundos de pensão.

? Ele mandou a carta hoje recuando do recuo, marca sessão mas usa o termo ‘sem efeito administrativo’. É uma senha para que, se você faltar à sessão, não será descontado. Ou seja, não vai ninguém, e assim vai ser difícil votar qualquer coisa. Como vamos discutir o projeto dos fundos de pensão, que é polêmico, sem a presença da base? ? criticou Mansur, um dos candidatos à sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ):

? É mais um desgaste desnecessário para a Casa, temos um presidente em exercício que vai para frente e para trás. Mexer com 513 vidas é muito complicado, ter que ter uma previsibilidade para as pessoas se planejarem ? completou.

O recuo do presidente interino repercutiu mal na base de Temer. Líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-SE) admitiu que a sessões sem efeito administrativo atrasarão o cronograma de votações planejado pelo governo.

Por conta do atraso, Moura disse que será preciso inverter a pauta da primeira semana de julho, que começará com a votação da Medida Provisória 718, que muda normas tributárias e de controle de dopagem para as Olimpíadas, e que deve ser apreciada pela Câmara e Senado até o dia 14 de julho, e só depois será discutido o projeto dos fundos de pensão, uma das prioridades do governo.

? É lamentável, uma semana que nós não vamos produzir nada. É história para inglês ver. Como vamos conseguir botar 257 deputados aqui, na terça-feira de manhã, numa sessão sem efeito administrativo? ? questionou o líder do governo.