Cotidiano

Mapas da Riotur indicam a turistas lugar que já fechou e linhas de ônibus extintas

RIO – Se depender do material oficial do município, os turistas que visitam o Rio neste período pré-olímpico podem ficar a ver navios, ou melhor, esperando por linhas de ônibus que sequer existem mais ou que deixarão longe do destino desejado. Em pleno calçadão de Copacabana e na Lapa, os mapas da Riotur oferecidos aos visitantes nos postos de informações turísticas são anteriores à racionalização dos ônibus — iniciada em outubro do ano passado e que ainda confunde até muito carioca da gema. Não é a única desorientação a que os viajantes estão sujeitos nas ruas. Mas, pelo menos esse equívoco, a prefeitura promete corrigir em breve, com a distribuição de mapas atualizados a partir de 20 de julho, 16 dias antes da abertura dos Jogos.

Por enquanto, uma tabela no verso da publicação não tem uma única linha troncal, integrada ou circular criada para substituir itinerários extintos ou encurtados. Mas indica a antiga 161 (Lapa-Leblon) para trajetos como de Ipanema a Copacabana ou Jardim Botânico à Lapa. Sugere também as finadas 511 e 512 (Urca-Leblon) para os turistas chegarem ao Pão de Açúcar. Ou ainda a proscrita 569 (Largo do Machado-Leblon) para Laranjeiras e o trem do Corcovado.

Para chegar ao Maracanã, estádio da cerimônia de abertura dos Jogos, o mapa continua recomendando a 464 (Maracanã-Siqueira Campos) a quem estiver no Leblon ou Ipanema. Mas ignora que a linha não circula mais por esses bairros. Além disso, o informativo desconhece a baldeação necessária para quem vai do Centro à Barra via orla, como se ainda fosse possível atravessar a cidade na linha 308 (Central-Alvorada).

— Quando perguntei sobre como chegar à Barra (a partir de Copacabana), me disseram para pegar a Integrada 02 (Rio Sul-Alvorada). Quando olhei o mapa e vi que ela não estava indicada, confesso que fiquei meio desnorteado — reclamou o argentino Alejandro Miguel.

Sem se identificar, uma equipe do GLOBO também pediu informações no quiosque da Riotur na Avenida Atlântica sobre como chegar à Barra. Ouviu a sugestão da Integrada 02 e recebeu o mesmo mapa de Alejandro, sem que fosse feita qualquer ressalva sobre os itinerários desatualizados. jogos

‘FUTURO' MUSEU DO AMANHÃ

O mapa, no qual a Barra não aparece, ainda tem outras marcas de uma cidade que ficou no passado. Na Praça Mauá, sinaliza o local do “futuro Museu do Amanh㔠— inaugurado em dezembro do ano passado. Assinala, contudo, a casa de shows Canecão, fechada desde 2010. Suprime da lista de atrações o bondinho de Santa Teresa, em operação entre o Largo da Carioca e o Largo do Guimarães. E negligencia a Escadaria Selarón, na Lapa — cenário de clipes de cantores como o americano Snoop Dogg —, lotada de turistas no fim da manhã de ontem, embora não houvesse placas por perto sobre como chegar ao local.

Diante das falhas às vésperas das disputas por medalhas, o secretário municipal de Turismo, Antonio Pedro Figueira de Mello, garante que, nos próximos dias, o mapa defasado será substituído.

— O Rio está em mutação constante, com as linhas de ônibus mudando a toda hora. Não fazia sentido atualizar o mapa a cada segundo, até porque é um investimento muito grande — argumenta ele. — Mas o material novo está sendo trabalhado para a Olimpíada. Quem adquirir o RioCard da Rio-2016, por exemplo, vai receber junto o primeiro mapa de transportes do Rio, com informações completas para toda a cidade — diz ele.

O número de postos de informações turísticas também vai ser ampliado antes dos Jogos, afirma Antonio Pedro. Além dos 16 existentes atualmente, um novo ponto fixo será instalado próximo ao Largo do Curvelo, em Santa Teresa, e 13 funcionarão temporariamente no período olímpico. A proposta é montar ainda 28 balcões de informações, com atendentes bilíngues, em locais cruciais para a mobilidade de cariocas e visitantes na Rio-2016, como a integração entre o metrô e o BRT Transcarioca, em Vicente de Carvalho, ou no Terminal Alvorada, na Barra.

Também nos próximos dias, diz o secretário, será concluída a instalação das 500 placas do sistema Rio a Pé, para orientar visitantes que enveredam pela cidade caminhando; começa a instalação de uma sinalização turística especial para a Olimpíada; e serão lançadas publicações como um guia do espectador dos Jogos e os Quick Tips, panfletos de dicas sobre o Rio em oito idiomas.

Enquanto as promessas não ganham as ruas, é mais recomendável seguir as orientações de sites como o Visit.Rio (guia oficial da cidade, que ganhará um aplicativo para smartphone), e o Vá de Ônibus, da Fetranspor, ou o app Moovit, tecnologia oficial para planejar as viagens no transporte público durante os Jogos.

TABLETS GIGANTES NA ORLA

Já na orla de Copacabana e do Leme, o que vem fazendo sucesso são os 16 totens interativos com serviços como rotas de transportes e agenda de eventos do Rio. Os Tomis (em referência à empresa portuguesa Tomi World, que criou o mobiliário urbano) estão ganhando a simpatia também por fazerem fotos dos usuários na orla, enviadas direto para o e-mail de quem posar diante deles.

No entanto, na hora de buscar indicações sobre linhas de ônibus, as informações desses tablets gigantes também precisam ser checadas. Numa pesquisa sobre as linhas para a Barra ontem, o Tomi das proximidades da Rua Siqueira Campos apontou a 2335 (frescão Santa Cruz-Castelo, com passagem a R$ 14,50) e a 558, que parte de Ipanema como Integrada 06. Para a Lapa, sugeriu a 2020 (frescão Península-Rodoviária, a R$ 14,65). Isso quando sabe-se que, para ambos os itinerários, existem outras opções em Copacabana. Procurada por e-mail, a Tomi World não explicou o motivo da seleção das linhas indicadas até o início da noite de segunda-feira.