Cotidiano

Manifestantes vão às ruas de Rio e São Paulo após votação do impeachment

201608311625311887.jpgRIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA – Em meio a gritos de “Fora Temer”, manifestantes se concentraram no fim da tarde desta quarta-feira, na Cinelândia, para protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff. Entre as pessoas que participam do ato, há membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), e representantes de outros sindicatos.

Durante as falas, os oradores chamam a população para uma greve geral e afirmam que não sairão das ruas enquanto o presidente Michel Temer não deixar o cargo.
– Esse golpe não terminou hoje com a saída da presidenta legitimamente eleita, ele continuará. Agora é importante que reagrupemos nossas forças para lutar contra isso- protestou um dos manifestantes, seguido por gritos de “Eu tô na rua por direitos sociais, Temer jamais”.

Posse temer

Em São Paulo, grupos pró-impeachment comemoram a saída de Dilma Rousseff do poder na Avenida Paulista, em São Paulo, com champanhe e um bolo enfeitado com as cores da bandeira brasileira. Cerca de 50 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, se abraçaram com bandeiras e faixas onde se lia frases do tipo “fora comunismo”, em frente ao prédio da Fiesp. Muitos motoristas buzinam para os manifestantes.

A aposentada Cristina Costa, de 68 anos, chorava entre um gole e outro de seu “champanhe francês”. Diz que votou três vezes no PT, contrariando as expectativas da família, formada por cinco gerações de militares. E, “feliz pela saída de Dilma”, acredita que Michel Temer “não terá coragem de decepcionar o país”.

? Quando Dilma ganhou, achei ótimo uma mulher presidente. Agora estou arrependida, porém aliviada. O Brasil percebeu que se tratava de um projeto criminoso. Temer não vai fazer isso com o país ? torce Cristina, com um broche nas cores da bandeira do Brasil espetado na blusa.

O sonoplasta Pietro Sambugaro, de 26 anos, afirma que a saída de Dilma do poder é “apenas o começo”. Mostrando cansaço, ele, que frisa ser contra Temer, conta que ficou acampado na frente da Fiesp por 166 dias, à espera do impeachment, e que agora montará uma ONG com o grupo que conheceu no local para “ensinar política para pessoas carentes”.

O grupo que acampa no local, inclusive, já se prepara para sair dali. De acordo com Sambugaro, “em até três dias” a calçada onde dorme estará livre. O empresário Cristóvão Flores, de 32 anos, afirma que após 183 dias ali, já está preparado para uma nova etapa.

? Não vamos avaliar o governo Temer porque acho que é preciso uns dois meses para isso. Mas com a família que se formou aqui, vamos passar a fiscalizar tudo que acontece, principalmente a área da saúde ? promete ele.

Mais cedo, antes da votação, um grupo de menos de 100 pessoas se concentrou em frente ao Palácio da Alvorada. Os manifestantes eram contrários ao processo do impeachment e ao agora presidente Michel Temer. A aposentada Malviana Joana de Lima, de 65 anos, vestia uma camiseta vermelha, estampada com a personagem dos quadrinhos Mafalda, que grita: “Fora Temer”. Ela disse já ter trabalhado para a senadora paulista Marta Suplicy, que trocou o PMDB pelo PT. E reclamou que o voto dela, dado para para o PT, está não pelo PMDB com a ascensão de Temer.

– O meu voto foi para outro partido. Eu e milhões votamos no PT – disse ela.

Grupo protesta no Alvorada a favor de Dilma Rousseff

Em Maceió, dezenas de pessoas saíram em carreata pela orla de Maceió para comemorar a saída definitiva de Dilma. O ato foi organizado pelo Movimento Brasil, que não estimou número de pessoas. A Polícia Militar não acompanhou a manifestação.

Movimentos sociais convocaram atos em pelo menos 14 capitais contra o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República. O impeachment da petista gerou uma onda de revolta e comoção entre os que sustentaram apoio público a ela nos últimos meses. Em carta aberta, a Frente Brasil Popular, que reúne a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Sem Terras (MST) e União Nacional do Estudantes (UNE), acusou os senadores de se curvarem “à fraude e à mentira”.

O documento, divulgado minutos depois de Dilma perder o mantado por 61 votos contra e 20 a favor, afirma que ocorreu um “golpe parlamentar contra a Constituição, a soberania popular e a classe trabalhadora”. A nota afirma ainda que a “condenaram uma mulher inocente e sacramentaram o mais grave retrocesso político desde o golpe militar de 1964”.