Cotidiano

Manifestantes protestam na Câmara aos gritos de ?Fora Temer?

BRASÍLIA – Manifestantes ligados ao PT e a partidos de esquerda protestaram nesta terça-feira no Congresso Nacional. Apesar de o plenário do Senado Federal estar discutindo a continuidade do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, as manifestações acontecem na outra Casa do Congresso, a Câmara. Os manifestantes, muitos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e outros ligados a entidades dos petroleiros, vieram participar do debate, em comissão geral, sobre a proposta retira a obrigatoriedade da Petrobras participar das licitações de exploração do pré-sal. Outros, mais tarde, ligados a entidades do funcionalismo público, para protestar contra o projeto da renegociação das dívidas dos estados com a União. Mas, em meio aos protestos, muitos gritaram “Fora Temer”.

A comissão geral do pré-sal, presidida pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), teve discursos inflamados de deputados contrários à proposta, que eram aplaudidos pelos manifestantes que depois de serem barrados na entrada do anexo 2 da Casa, conseguiram permissão para participar do debate. Durante a sessão houve críticas duras ao governo do presidente interino Michel Temer. Deputados que discursaram a favor da proposta, como o tucano Marcus Pestana (MG), foram muito vaiados e quase impedidos de terminar o discurso.

Depois do encerramento da comissão geral, os manifestantes se negaram a deixar as cadeiras do plenário da Câmara para que a sessão de votações da tarde fosse realizada. A sessão extraordinária, convocada para a votação da renegociação das dívidas dos estados com a União – chegou a ser aberta, mas foi suspensa por mais de uma hora até que os manifestantes deixassem o local. A retirada dos manifestantes do plenário foi negociada por um grupo de deputados do PT, que esteve com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Os petistas pediram a Maia a liberação de dois manifestantes que foram detidos por agentes do Departamento de Polícia Legislativa na manhã de hoje. Segundo informações de deputados, os dois teriam sido detidos por desacato a autoridade. Os manifestantes pressionavam para participar da comissão geral que debateu a proposta do pré-sal. Segundo o deputado Felipe Maia (DEM-RN), o presidente Rodrigo Maia exigiu que os manifestantes deixassem o plenário e só depois conversaria sobre a situação dos dois manifestantes detidos no Depol.

Os manifestantes deixaram o plenário da Câmara, mas ocupam o Salão Verde neste momento. Funcionários públicos que vieram pressionar contra a votação do projeto da renegociação das dívidas dos estados engrossam o movimento e pedem para que as galerias sejam liberadas por Maia. A proposta proíbe os estados que aderirem à renegociação de dar aumento ao funcionalismo nos próximos dois anos. Os manifestantes estão neste momento na entrada principal do plenário, protestando porque não podem ir às galerias e gritam “Fora Temer”, entre outras palavras de ordem.

O número de protestos na Câmara contrasta com a falta de manifestantes no Senado. Desde a manhã desta terça-feira, quando a sessão foi aberta, não houve nenhuma movimentação. Nesta terça-feira, os senadores estão votando, no plenário da Casa, a continuidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Para garantir tranquilidade, o Senado reforçou a seguranças em todas as portas de acesso ao prédio, que só pode ser acessado pelos que acompanham a sessão, caso dos senadores e pessoas envolvidas com a defesa e com a acusação da petista, servidores, e jornalistas credenciados.

As galerias do Senado, onde ocorre a sessão, reservadas ao público, estão sendo ocupadas nesta terça-feira pelos cinegrafistas e fotógrafos. Do lado de fora do Congresso foram colocadas grades circundando todo o prédio para evitar que manifestantes pudessem entrar no prédio. A entrada no Senado está restrita a parlamentares e a credenciados.