RIO ? Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) descobriu, com base em experimentos realizados em ratos, que o mal de Alzheimer pode estar relacionado a bactérias localizados no intestino. O experimento foi detalhado na edição desta semana da revista ?Cell?.
Espera-se que o resultado do levantamento, se confirmado em humanos, leve ao desenvolve de novas drogas, que matariam micro-organismos no intestino. O estudo, segundo os especialistas, abriria uma ?emocionante nova avenida de estudos?.
O mal de Parkinson leva a um dano progressivo do cérebro, provocando tremor e dificuldade para movimento.
Os pesquisadores usaram ratos geneticamente programados para desenvolver Parkinson ? os roedores produziam altgos níveis da proteína alfa-sinucleína, que é relacionada aos danos causados no cérebro pela doença.
No entanto, apenas os animais com bactérias no estômago desenvolveram sintomas. Os ratos estéreis permaneceram saudáveis.
Outros experimentos mostraram que o transplante da bactérias ligadas a pacientes com Parkinson para os ratos provocou mais sintomas do que o de bactérias extraídas de pessoas saudáveis.
? Este foi momento ?eureca? ? descreve Timothy Samson, pesquisador da Caltech. ? Os ratos eram geneticamente idênticos, a única diferença era a presença ou ausência da microbiota intestinal. Agora estamos confiantes de que estas bactérias regulam, e podem até ser necessárias, para os sintomas de Parkinson.
De acordo com os cientistas, a bactéria libera substâncias químicas que ativam partes do cérebro, levando aos seus danos. A bactéria pode quebrar a fibra em ácidos graxos de cadeia curta. Estima-se que um desequilíbrio nestas substâncias aciona as células imunes do cérebro a causar danos.
Também envolvido na pesquisa, o professor Sarkis Mazmanian ressalta que seu grupo ?descobriu pela primeira vez uma ligação biológica entre a microbiota do intestino e o mal de Parkinson?.
? A pesquisa revela que a doença neurodegenerativa pode ter sua origem no intestino, e não somente no cérebro, como se pensava ? ressalta. ? Esta é uma mudança de paradigma e abre a porta para novas possibilidades de tratamentos.
As trilhões de bactérias que vivem no intestino são fundamentais para a saúde humana, então retirá-las completamente não é uma opção.
Arthur Roach, da organização Parkinson’s UK, ressalta que ainda é preciso comprovar o estudo em humanos.
? Este trabalho abre uma emocionante nova avenida de estudos. Ainda há muitas questões a serem respondidas, mas esperamos que esse trabalho leve ao desencadeamento de novas pesquisas, que revolucionarão os tratamentos para a doença.