Cotidiano

Maiores cidades têm 10 mil imóveis à venda

Volume sanaria metade do déficit habitacional desses municípios

Foz do Iguaçu – Apesar do momento ainda delicado para a economia e com um cenário nada animador no curto prazo com a aproximação das eleições presidenciais, o que por si só causa instabilidade de mercado, além das tensões mundiais com a briga comercial entre Estados Unidos e China, a dica é aproveitar boas oportunidades de negócio tanto para investimentos quanto para moradia.

Resultado da falta de dinheiro, da necessidade em pagar as contas, do desemprego e da recente crise econômica nacional, há um estoque de pelo menos 10 mil imóveis para a venda somente nas três maiores cidades da região, Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo. De acordo com especialistas de mercado, o momento é propício, como há muitos anos não se via, além de extremamente vantajoso para quem tem dinheiro e quer adquirir a casa própria ou simplesmente investir.

Segundo avaliação do presidente do Secovi (Sindicato da Habitação e dos Condomínios do Paraná) em Cascavel, Luiz Antonio Langer, quem chega com dinheiro consegue fechar negócios com valores que variam de 15% a 20% menores dos que vinham sendo praticados. “Em Cascavel, por exemplo, em tempos bons da economia não havia imóveis à venda na região do Calçadão da Avenida Brasil, hoje é possível encontrar de três a cinco opções somente naquele entorno”, exemplifica.

Se por um lado as famílias de classe média e baixa estão com mais dificuldade para manter as contas em dia e muitas estão pondo a casa própria à venda, a crise também impactou em cheio os mais ricos. “Os mais pobres tiveram dificuldades com a crise, que depois se alastrou às pessoas de classe média e hoje também atinge os mais ricos”, destacou.

Assim, imóveis de alto padrão também estão disponíveis no mercado, algo que também não se via há muito tempo. “Existem famílias tradicionais que nunca tínhamos visto colocar imóveis à venda e agora colocaram porque precisam de dinheiro para resolver alguns de seus problemas e são imóveis de alto padrão, que valem milhões de reais”, lista o presidente do Secovi.

Curto prazo

A tendência é para que o segundo semestre siga assim: bom para quem quer comprar e está capitalizado ou com o nome limpo para adquirir um financiamento, mas um problema extra para quem precisa vender e precisa muito do dinheiro. “Estamos vivendo a crise e para as coisas acontecerem o governo precisa colocar dinheiro na economia e isso não deve ocorrer por enquanto. Estamos em meio à Copa do Mundo, e quando ela acabar, aí começa o período eleitoral e isso traz incertezas para a economia. Assim, não há perspectivas de mudança no cenário para o segundo semestre”, considerou.

“O mesmo ocorre com as grandes incorporadoras. Elas não estão lançando novos empreendimentos, a não ser do Minha Casa, Minha Vida, que são mais específicos. O que está sendo concluído agora são imóveis cujas obras começaram em 2015 e 2016”, completou.

 

 

Lei da oferta e da procura

O presidente do Sinduscon (Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Oeste do Paraná), João Luiz Broch, avalia que o mercado aposta na obediência da lei da oferta e da procura. “Significa dizer que nunca esteve tão bom investir em imóveis por aqui. E lei da oferta e da procura é simples: quando o estoque de imóveis é alto, como agora, os preços tendem a diminuir, ou seja, esse é o melhor momento para comprar um imóvel. No entanto, na medida em que os estoques vão diminuendo e o mercado não tem novos lançamentos por causa da crise, a oferta se torna menor, o que provoca o aumento nos preços”, explica.

No que se refere à disposição em adquirir o imóvel próprio, é importante ressaltar que 40% da população de Cascavel, por exemplo, encontra-se na faixa etária dos 25 aos 49 anos, justamente aquela que está disposta a adquirir a casa própria. Isso significa que somente no Município o déficit habitacional é de 12 mil residências. Ampliado à realidade das outras duas maiores cidades da região, Foz do Iguaçu e Toledo, o déficit chega a pelo menos 20 mil casas.

Apesar desse cenário, o presidente do Sinduscon avalia que o “setor da construção civil em Cascavel e região oeste passa por um momento de recuperação lenta e gradual, isso porque se trata de um segmento da economia muito dinâmico, sujeito a uma série de influências internas e externas”.

“Parte desta recuperação se dá pelo aumento da confiança do consumidor nas empresas construtoras e isso ocorre porque elas têm melhorado, de forma geral, seus métodos construtivos, investem em tecnologia, na melhoria das condições de trabalho e na entrega de um produto final com mais qualidade”.

Para João Luiz Broch, o crescimento vegetativo da população ocorre independentemente de políticas econômicas e crises financeiras e a compra de uma casa ou um apartamento representa um grande passo no desenvolvimento e na evolução de uma família. “É e sempre será um negócio certeiro usar o dinheiro disponível da poupança, do saque do FGTS ou mesmo de uma aplicação financeira ou herança na compra de um imóvel”, orienta.

Os números apontam que pelo menos 25% da população ainda mora de aluguel e sonha com o imóvel próprio. “Somente em Cascavel esse número representa em torno de 60 mil pessoas. É preciso levar em consideração que o setor experimenta uma redução em investimentos como o Minha Casa, Minha Vida. Todavia, os primeiros contratos do programa completam dez anos e a tendência é de renovação das compras por parte de consumidores que adquiram imóveis há uma década”.

Obras de grande porte

Quando o assunto são as obras de grande porte em execução na região, apesar do momento de muita cautela à economia, o presidente do Sinduscon, João Luiz Broch, considera que algumas delas merecem destaque e que transcorrem independente do cenário político e econômico.

Estão na lista o frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand; a construção/ampliação da Unila, em Foz do Iguaçu; duplicação da BR-163 de Toledo a Marechal Rondon. A duplicação de outro trecho desta mesma rodovia de Cascavel a Marmelândia, sentido sudoeste; construção/adequação do Aeroporto de Cascavel e da Ala de Queimados do HU (Hospital Universitário), construção do Centro de Excelência em Atletismo, em Cascavel e a Usina Baixo Iguaçu.

De todas elas, a maioria corresponde a obras públicas. Ao menos duas podem parar a qualquer momento, tratam-se das obras de duplicação em dois trechos da BR-163. Isso porque não há recursos previstos para dar sequência aos trabalhos neste ano, assim que os valores empenhados no início deste ano acabarem. São R$ 49,5 milhões para o trecho de Toledo a Marechal e R$ 70 milhões de Cascavel a Marmelândia. Juntas somente estas duas obras precisaram de quase meio bilhão para serem concluídas.