Cotidiano

Maia minimiza críticas e ameaças feitas por Cunha após a cassação

2016 938352581-201609122001407640.jpg_20160912.jpgBRASÍLIA ? O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), minimizou nesta terça-feira as críticas e ameaças feitas pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que responsabilizou o governo Michel Temer e Maia pela cassação de seu mandato na noite de ontem. Sem querer se alongar no tema e parar para responder às perguntas, Maia disse não estar preocupado com as supostas conversas sobre o impeachment que Cunha promete revelar em livro e com a decisão de Cunha de citar nominalmente seu sogro, o assessor especial de Temer, Moreira Franco.

? Não (preocupa). É normal, acontece. A vida é assim ? afirmou o presidente da Câmara

CunhaNa noite de ontem depois de ser cassado por 450 votos, em coletiva à imprensa Cunha disse que o governo Michel Temer, ao apoiar a candidatura de Maia à Presidência da Câmara, eleito em acordo com o PT, aderiu à agenda de sua cassação. Cunha atacou principalmente o assessor especial de Temer, Moreira Franco, a quem chamou de “iminência parda” e lembrou que é sogro de Maia.

? Eu culpo o governo hoje, não que o governo tenha feito alguma coisa para me cassar. Mas quando o governo patrocinou a candidatura do presidente que se elegeu em acordo com o PT, o governo, de uma certa forma, aderiu à agenda da minha cassação. O governo hoje tem uma eminência parda. Quem comanda o governo é o Moreira Franco, que é o sogro do presidente da Casa. O sogro do presidente da Casa comandou uma articulação que fez com que tivesse uma aliança com o PT ? disse Cunha ontem.

Nas conversas de corredor, deputados conversavam sobre a sessão de ontem e as ameaças de Cunha. O número reduzido de apoio a Cunha ? 10 votos contra, 9 abstenções e 42 ausências ? foi considerado muito baixo. Reservadamente, muitos comentavam que Cunha estaria fazendo a comparação dos que votaram contra ele e que contaram, em algum momento, com seu apoio, até mesmo financeiro, para campanhas. E que poderia, de alguma forma cumprir as ameaças de retaliação que teria feito a muitos.

Aliados dele também minimizaram o potencial de Cunha de ameaçá-los com revelações de conversas sobre o impeachment.

? Eu não acho nada ( sobre as ameaças). Apenas cumprimos o nosso papel ? afirmou o líder do PP na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PB), que ontem votou a favor da cassação.

O ex-líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), que se aproximou muito de Cunha depois que ele foi eleito presidente e depois, com as denúncias de contas no exterior rompeu com ele e chegou a cobrar em plenário que ele deixasse o cargo, também minimizou. pós-Cunha 1309

? Nem dormi de tanto medo ? ironizou Sampaio.

Mesmo estando na Câmara, Maia optou por não presidir a sessão deliberativa em que estão sendo votadas medidas provisórias. Antes, no entanto, participou do acordo feito entre os partidos aliados e a oposição para retirar de pauta a proposta que retira a obrigatoriedade da Petrobras participar das licitações de exploração do Pré-Sal. A votação em plenário ficará para depois das eleições de outubro. Maia, no entanto, esteve por alguns minutos no plenário, conversou e cumprimentou deputados de todos os partidos.

Muitos deputados fizeram questão de elogiar Maia pela condução da sessão de ontem.

? Eu cumprimentei o Rodrigo pela condução. Quando ele zerou o placar e suspendeu a sessão nós estranhamos e reagimos. Mas entendi depois que ele optou por comandar a sessão com isenção com seriedade e isenção ? afirmou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).