Cotidiano

Maia diz que agenda do país não pode ser a ?prisão da semana?

SÃO PAULO – Menos de uma semana depois do sobressalto nas atividades da Câmara por causa da prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB), o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta segunda-feira que a agenda política nacional não pode ficar à reboque da “prisão da semana” cumprida no âmbito da Operação Lava-Jato. Em almoço com empresários em São Paulo, Maia prometeu a aprovação, em segundo turno, da PEC do Teto de Gastos para esta terça-feira e defendeu que a próxima reforma a ser discutida seja a da Previdência.

? Não podemos deixar que a agenda do Brasil fique restrita à prisão da semana. Congresso, Executivo e Judiciário precisam trabalhar de forma harmoniosa e que cada indivíduo pague por seus desvios ?afirmou o deputado.

Na quarta-feira passada, a Câmara paralisou todas as atividades numa clara reação ao impacto da prisão de um ex-presidente da Casa. Entretanto, o deputado garantiu nesta tarde que a Lava-Jato não impedirá que votações importantes aconteçam no Congresso.

Maia endureceu o discurso aos opositores da PEC 241 cria um teto para o gasto público, com objetivo de evitar que a despesa cresça mais que a inflação a partir de 2017. O deputado criticou uma ação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) contra a aprovação da PEC. Em geral, os opositores da PEC alegam que ela resultará em redução dos investimentos em saúde e educação.

? A CUT começou a espalhar pelos estados cartazes com os deputados que votaram a PEC do teto (em primeiro turno) e está dizendo que eles são contra a população. Temos que ter coragem de enfrentar essa hipocrisia e esse faz de conta que algumas centrais sindicais fazem com dinheiro público. (…) Esse discurso fácil de algumas corporações vai levar à insolvência do país ?disse.

O presidente da Câmara defendeu o trabalho da Polícia Legislativa do Senado, que teve na semana passada quatro agentes presos na Operação Métis.

? No mérito tenho dúvidas se a ação da Polícia Legislativa (varreduras anti-grampos telefônicos contra senadores) estava errada. Acho que o trabalho que faziam é constitucional. Estavam procurando grampos ilegais. Ninguém está falando de interceptações com autorização Judicial ? afirmou Maia.

Ele também colocou em dúvida a legitimidade da operação, que classificou como “complexa”.

? Temos que avaliar com cuidado a decisão para que um poder entre num outro poder. Não sei se a Justiça poderia ter autorizado a entrada no Senado.

PLANALTO TEM QUE FALAR MENOS

Maia reagiu com críticas ao Planalto em relação aos rumores na semana passada de que sua gestão interina na Presidência da República teria incomodado o presidente Michel Temer, que estava em viagem ao exterior.

? Quanto menos o Palácio falar melhor para o Brasil. Não estou falando de ministro, mas de assessores que ficam pautando a imprensa e isso pode prejudicar a relação entre Executivo e Legislativo ? disse o deputado.

O presidente da Câmara participou de um almoço-debate organizado pelo Grupo Lide na capital paulista com cerca de 500 empresários. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, acompanhou Maia no evento, mas fez apenas uma breve saudação aos presentes.