CARACAS ? O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, criticou o trabalho da rede americana CNN e pediu a sua saída do país. Ele acusou o veículo de manipulação ao repercutir a denúncia de uma estudante que relatou, em um programa de televisão ao vivo, as graves dificuldades por que passa a sua escola. Em diversas ocasiões, o chefe de governo já questionou as informações divulgadas por veículos de comunicação internacionais, acusando jornalistas de promover uma campanha contra o seu governo.
? Alguns veículos da imprensa, como a CNN, trataram de manipular. Esse é um assunto nosso, dos venezuelanos. A CNN que não meta seu nariz na Venezuela. Quero a CNN bem longe daqui. Eu quero a CNN fora da Venezuela, fora ? afirmou Maduro durante seu programa semanal de televisão, sem especificar se tomaria alguma medida concreta sobre o caso.
Na semana passada, a estudante venezuelana foi ao programa dominical de Maduro para, ao vivo, contar, que os seus colegas desmaiam de fome porque não há refeitório na escola. E, ainda, relatou que os alunos já foram roubados várias vezes, enquanto a escola não tem nem mesmo um portão. A história chamou a atenção de diversos jornais pelo mundo, inclusive da CNN. A rede americana foi até a instituição de ensino para mostrar as dificuldades dos estudantes, além das melhorias que já conquistadas após a denúncia da adolescente.
Segundo Maduro, no entanto, os Estados Unidos apoiam a ofensiva internacional da imprensa contra o seu mandato. A ameaça veio um dia após dois jornalistas brasileiros ficarem detidos por dez horas na Venezuela. Eles foram presos enquanto apuravam a denúncia de uma obra inacabada da empresa Odebrecht no país.
Esta não é a primeira vez que o país tem problemas com a imprensa internacional. Em janeiro deste ano, um jornalista espanhol, correspondente da rede alemã Deutsche Welle (DW), denunciou ter sido deportado por tentar cobrir manifestações a favor e contra o governo de Maduro. Além disso, o seu governo é acusado de controlar os jornais venezuelanos pelo abastecimento de papel para impressão.
Enquanto a Venezuela vive uma grave crise política e social, a oposição venezuelana trabalha em uma intensa campanha pela saída de Maduro do Palácio de Miraflores. O oficialismo e a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD|) travam uma longa batalha política sobre a realização de um referendo constitucional que poderia encurtar o mandato do presidente.
