Cotidiano

Macri decide aumentar restrições à imigração

64369927_Argentine President Mauricio Macri gestures during a news conference at the Casa Rosada.jpgBUENOS AIRES ? Em meio à escalada da violência, principalmente na capital e na região da Grande Buenos Aires, e já entrando na campanha eleitoral para as Legislativas do próximo outubro, o governo do presidente da Argentina, Mauricio Macri, decidiu endurecer as normas migratórias do país, hoje o que mais recebe estrangeiros na América Latina. De acordo com as Nações Unidas, são cerca de dois milhões de imigrantes, de um total de 40 milhões de habitantes. A informação foi confirmada pelo próprio chefe de Estado, que em sua primeira coletiva de 2017 deixou bem clara a nova posição da Casa Rosada em relação à entrada de cidadãos provenientes de países vizinhos: Macri_2201

? Devemos atuar de forma preventiva e poder dizer ?fui informado de que o senhor cometeu uma série de delitos em seu país, aqui o senhor não é bem-vindo?.

O debate sobre os imigrantes latino-americanos instalou-se após o recente assassinato de Brian Aguinaco, que tinha apenas 14 anos, em Buenos Aires. O principal suspeito de ter cometido o crime é um garoto de 15 anos, filho de imigrantes peruanos, com antecedentes penais em seu país.

O caso provocou comoção e levou o governo Macri a acelerar os tempos de uma reforma migratória que, de acordo com o presidente, deverá ser aprovada por decreto. O chefe de Estado, que pretende limitar ao máximo a possibilidade de ingresso de pessoas com antecedentes penais, não quer esperar até março, quando será retomada a atividade no Congresso.

? Se condenamos alguém de fora e no meio da condenação queremos enviá-lo de volta a seu país, não podemos, temos de esperar oito anos, é uma loucura ? explicou Macri.

De fato, as normas migratórias argentinas estão entre as mais flexíveis do continente. Um estrangeiro demora entre dois e três meses para obter a residência (primeiro temporária e depois de dois anos, definitiva), sem grandes exigências.

Segundo dados da Direção Nacional de Migrações (DNM), o ranking de imigrantes é liderado pelos paraguaios ? que representam 40% do total ?, seguidos por bolivianos, peruanos, colombianos, brasileiros, senegaleses, uruguaios, dominicanos, chineses, venezuelanos, chilenos, equatorianos, espanhóis, americanos e italianos.

Entre 2011 e 2015, a DNM concedeu 280.030 vistos de residência permanente a paraguaios, 161.262 a bolivianos, 86.742 a peruanos, 22.899 a colombianos e 21.543 a brasileiros.

? Um maior rigor no controle da entrada de imigrantes tem, principalmente, a ver com a necessidade de reforçar a política de segurança interna ? explicou o deputado Eduardo Amadeo, da aliança governista Mudemos.

Ele confirmou que ?o mais provável é que a iniciativa seja aprovada por decreto presidencial?. Já a ministra das Relações Exteriores, Susana Malcorra, assegurou que é fundamental ?revisar as leis sobre imigração?. Ela disse que pessoas com antecedentes criminais tiram vantagem das leis de imigração brandas.