Cotidiano

Macri critica radicalização de governo venezuelano

2016 927653442-INFOCHPDPICT000053852963_20160804.jpgBUENOS AIRES ? Convencido da necessidade de aumentar ?o máximo possível? a pressão sobre a Venezuela, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, pretende ?falar em profundidade? sobre o assunto em seu encontro com Michel Temer, na próxima segunda-feira, em Buenos Aires. Em entrevista a correspondentes de jornais brasileiros, o chefe de Estado argentino afirmou estar muito preocupado porque, apesar de ter tomado posições claras em relação ao tema, os resultados a cada dia estão piores.

? Sinto que o governo de Maduro radicaliza suas posições, em vez de gerar uma abertura ao diálogo. Não tenho ccerteza como vai evoluir o assunto ? disse Macri.

O recentemente empossado presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, também destacou esta semana a necessidade de reforçar a pressão sobre a Venezuela. Macri disse não ter feito, ainda, uma proposta a seus sócios do Mercosul sobre como resolver a situação do país, mas deixou claro que sua posição é reforçar as exigências e, caso o governo Maduro não as cumpra, avançar em direção ao afastamento do país do bloco.

? Na minha opinião, o ingresso da Venezuela não acrescentou nada positivo ao Mercosul. O Mercosul seguiria adiante de uma forma mais fácil sem a Venezuela de hoje ? enfatizou o presidente argentino.

Perguntado sobre quais normas o país não está cumprindo, Macri assegurou que, principalmente, as que se referem ?ao respeito às normas democráticas e, em segundo lugar, ao sistema econômico, que está colapsado?.

? Hoje, a Venezuela não cumpriu os requisitos que tinha de cumprir para ser um membro ativo do Mercosul. Se até o dia 1º de dezembro não os cumprir, deixará de pertencer ao Mercosul ? frisou o chefe de Estado argentino.

Na última segunda-feira, Macri e Maduro estiveram juntos na cidade colombiana de Cartagena, onde foi assinado o acordo de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Mas ambos, comentou o presidente argentino, não se falaram. Macri é um forte defensor da necessidade de que o governo Maduro dê sinal verde à realização de um referendo revogatório ainda este ano, sobre a permanência de Maduro no poder. A oposição venezuelana tem pressionado nas ruas, mas o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou recentemente que a iniciativa só poderia ser realizada em 2017. Assim, uma eventual derrota do presidente significaria, apenas, a transferência do poder para seu vice, Aristóbulo Isturiz.

? O povo venezuelano tem direito a expressar-se, sobretudo diante da violação sistemática dos direitos humanos cometida pelo governo Maduro. Ainda não vejo isso como parte da agenda no Mercosul. Vamos ver no dia 3 de outubro, quando falaremos com o presidente Temer sobre o assunto ? disse Macri.

O presidente lembrou, ainda, que na época da ditadura na Argentina (1976-1983), um dos países mais abertos a receber exilados argentinos foi a Venezuela.

? Devemos aos venezuelanos uma defesa irrestrita de seus direitos, que hoje são violados por um governo que atropelou as instituições democráticas.