Política

Lula diz que Palocci é "calculista e simulador"

Curitiba – Em pouco menos de duas horas de depoimento ao juiz Sergio Moro na Justiça Federal do Paraná, em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o ex-ministro Antonio Palocci de "calculista, frio e simulador" e negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a empreiteira Odebrecht. "Se ele [Palocci] fosse um objeto, seria um simulador", afirmou.

Lula prestou seu segundo depoimento a Moro ontem, uma semana depois de seu ex-ministro da Fazenda ter declarado que o petista avalizou um "pacto de sangue" com a Odebrecht, com o pagamento de R$ 300 milhões em vantagens indevidas em troca de manter o protagonismo da empreiteira no governo. O terreno ao instituto estaria incluído nesse valor.

Nesta ação, Lula é acusado de se beneficiar de vantagens indevidas pagas pela empreiteira Odebrecht – incluindo a compra de um terreno que seria destinado ao Instituto Lula e cuja negociação teria sido intermediada por Palocci.

O ex-presidente disse que Palocci nem sequer era responsável por assuntos do Instituto Lula (o que caberia ao seu presidente Paulo Okamotto) e que só se encontrava com o ex-ministro – depois de sua saída do governo – "de oito em oito meses".

Durante a audiência, o Ministério Público Federal ainda apresentou uma pauta de reunião de Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira, com Lula, que foi entregue à investigação. A reunião teria ocorrido no dia 30 de dezembro de 2010, nos estertores do Governo Lula, no Palácio do Planalto.

No documento, o primeiro item da pauta é a “‘Passagem’ do histórico de parceria” – o que seria uma referência à troca de governo, de Lula para Dilma Rousseff, e ao acerto ilícito feito com o intermédio de Palocci. Na mesma agenda, ainda são listados debaixo do título "Com ele" os itens: "Estádio Corinthians, Obras Sítio, 1ª Palestra Angola e Instituto". O petista disse que o documento é falso e "uma mentira". Lula ainda fez críticas à atuação da Polícia Federal e do Ministério Público e disse ver com "desconfiança" determinadas operações.

Atos públicos

Lula chegou a Curitiba ainda na noite de terça-feira. Ao prédio da Justiça Federal, chegou pouco antes das 14h e saiu por volta das 16h20, de carro, sem falar com a imprensa.

Houve alguns atos públicos pró e contra Lula. Na saída, cinco moradores que vestiam camisas verde e amarelas e erguiam bandeiras do Brasil gritaram "ladrão" e "bandido".

Da Justiça, Lula seguiu para a Praça Generoso Marques, no Centro de Curitiba, onde participou de um ato organizado pelo movimento partidário. Segundo a Polícia Militar, ele foi recepcionado por cerca de 1,8 mil pessoas.