Política

Lula desobedece ordem e fica em “bunker” do PT

Ex-presidente pode se entregar hoje, em SP, após missa para Marisa Letícia

São Bernardo do Campo – Os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informaram no início da noite de ontem à cúpula da Segurança Pública de São Paulo que o petista pretende se entregar apenas neste sábado, em São Paulo, após a missa em homenagem a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Ela faria 68 anos nesta data. As informações foram dadas por fontes que acompanham de perto as negociações para a entrega de Lula à Polícia Federal.

O ex-presidente tinha até 17h de ontem para se entregar à PF após a expedição do mandado de prisão pelo juiz Sérgio Moro no processo do triplex, que rendeu ao petista uma condenação de 12 anos e um mês de reclusão.

Dois emissários do ex-presidente é que negociam com a PF os termos de “rendição” para que o petista seja preso. Contudo, até o fechamento desta edição não havia uma decisão sobre como será o procedimento a ser adotado.

O canal de comunicação entre a defesa de Lula e a PF, uma das exigências do despacho do juiz Sergio Moro, foi aberto ainda no fim da tarde de quinta-feira (5). Pela PF, quem negocia é o delegado Igor Romário de Paulo, chefe da Lava Jato em Curitiba.

Vigília

A estratégia petista foi cercar Lula na sede do sindicato. Dentro, estão com ele líderes petistas e outras políticos, inclusive o senador paranaense Roberto Requião (MDB). Do lado de fora, manifestantes cercaram o prédio, na tentativa de impedir o avanço da Polícia Federal, caso fosse ordenado o cumprimento do mandado de prisão.

A PF não realiza prisão após as 18h, mas policiais ouvidos disseram que, caso o ex-presidente resolvesse se entregar ainda à noite ou durante a madrugada, seria possível recebê-lo em São Paulo para depois fazer sua remoção para Curitiba. O avião da PF está no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Congonhas.

Homenagem

Marisa Letícia morreu em 3 de fevereiro de 2017, vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral) que sofreu no dia 24 de janeiro. Ela foi casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por 43 anos e o acompanhou desde o início da trajetória política do sindicalista.

 

Defesa recorre de novo ao STF

Após ter o pedido de habeas corpus negado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) ontem à tarde, a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com nova reclamação no STF (Supremo Tribunal Federal) com o objetivo de pedir para que Lula aguarde em liberdade até julgamento de mérito da reclamação.

A defesa pede uma liminar ao menos para suspender a prisão até a análise de recursos pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em Porto Alegre. Inicialmente, a reclamação foi endereçada ao ministro Marco Aurélio, mas o STF decidiu sortear o pedido, que foi endereçado ao ministro Edson Fachin.

O ministro Felix Fischer, do STJ, relator da Lava Jato no tribunal, negou ontem o pedido de medida liminar no habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente. No habeas corpus preventivo do petista, os advogados pediam que fosse concedida liminar para suspender a execução provisória da pena até que o julgamento de mérito deste habeas corpus seja realizado.

Na quinta-feira, 5, o juiz federal Sérgio Moro expediu mandado de prisão contra o ex-presidente. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão no processo do caso do triplex do Guarujá. Isso porque, na madrugada da quinta-feira, o petista sofreu revés no STF, que negou o pedido para que ele recorresse contra a condenação em liberdade até a última instância.

 

Entenda o caso

Em julho do ano passado, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, condenou Lula a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas o ex-presidente ganhou o direito a aguardar a prisão em liberdade. A condenação é relativa ao processo que investigou a compra e a reforma de um apartamento triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo. Moro afirmou na sentença que as reformas executadas no apartamento pela empresa OAS provam que o imóvel era destinado ao ex-presidente em troca de ajuda a empreiteiras que tinham contratos com a Petrobras.

Em janeiro deste ano, o TRF4, segunda instância da Justiça Federal, julgou os primeiros recursos da defesa do ex-presidente e do MPF (Ministério Público Federal) e aumentou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão.

No fim de março, a Oitava Turma do Tribunal julgou um novo recurso, que também foi rejeitado. Em tese, caberia o último um recurso, os chamados embargos dos embargos, que poderiam ser protocolados até o dia 10. No entanto, na decisão em que decretou a prisão, Moro explicou que os recursos são meramente protelatórios e que a medida não poderá rever os 12 anos de pena.

 

MST bloqueia rodovias

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) manteve a informação de que 18 trechos de rodovias federais foram bloqueados em 11 estados por militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra). No entanto, no fim da tarde, já eram mais de 40 bloqueios, em pelo menos 16 estados, segundo o MST.

Pela manhã, o movimento anunciou a intenção de interditar mais de 50 estradas em todo o País, como forma de protestar contra o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O MST já comunicou que as manifestações atingiram estradas de diversos estados brasileiros. A maioria das passagens bloqueadas ficava no Paraná, especialmente em Quedas do Iguaçu, onde há o maior reduto do movimento do País.