Cotidiano

Lula chama processo de impeachment de ?semana da vergonha nacional?

RIO ? Com voz mais rouca que o habitual ? condição pela qual pediu desculpas assim que chegou ? e, pelo menos de forma aparente, com o aspecto físico bem mais fragilizado, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva iniciou seu discurso no começo da tarde de ontem, no bairro portuário da Ponta da Areia, em Niterói, fazendo uma menção ao início da última fase do processo de impeachment no Senado.

? Hoje começa a semana da vergonha nacional. Nela, senadores que deveriam se preocupar com o futuro da nação irão punir de forma covarde uma pessoa contra quem não existe nenhuma prova. Que fique bem claro que, ao fazerem isso, não estão cassando a presidente. Estão, na verdade, cassando os votos das pessoas que a elegeram ? avaliou Lula.

O ex-presidente chegou em frente ao Estaleiro Mauá bem mais tarde que o planejado ? os organizadores do ato contrário ao impeachment esperavam que seu discurso fosse feito até as 9h30m. No entanto, o ex-presidente só chegou apareceu no local pouco antes de meio-dia. Durante quase 30 minutos, além de falar sobre a contrariedade à cassação da presidente Dilma Rousseff, também mencionou os nomes de figuras políticas com as quais, segundo ele mesmo, estava decepcionado. Uma delas foi o atual ocupante da cadeira presidencial.

? Não tenho nada pessoal contra o Michel Temer. Mas, como advogado constitucionalista que é, ele deveria acreditar que o digno é chegar à Presidência por meio de uma eleição. Não se valendo de um golpe, como está acontecendo agora. Além disso, como essa atual gestão não sabe governar, não me espantaria se, daqui a pouco, começassem a vender partes de patrimônio estatal, como parte do Banco do Brasil, parte da Caixa Econômica Federal e parte da Petrobras.

O ato foi organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Confederação Nacional dos Metalúrgicos e Federação Única dos Petroleiros. A expectativa da organização era que pelo menos cinco mil pessoas comparecessem. No entanto, em uma perspectiva otimista, havia no máximo mil pessoas sob o sol intenso do bairro niteroiense. O próprio Lula percebeu o baixo quórum e explicou o que poderia ter motivado a audiência reduzida.

? É sempre complicado marcar atos e manifestações em épocas de crise. Quem está empregado tem medo de vir. Já quem se encontra desempregado está procurando emprego e não tem tempo para comparecer.

Na saída, ao ser questionado se seria um dos nomes a concorrer nas eleições presidenciais de 2018, foi econômico.

? Vamos ver, vamos ver.

ATAQUE A TEMER EM VISITA AO MATO GROSSO

Nesta quarta-feira, Lula esteve em Ponta Porã, a 326 quilômetros de Campo Grande (MS), na fronteira com o Paraguai. Na visita, organizada por movimentos sociais, o ex-presidente afirmou que Temer ?tem currículo, tem todas as condições para ser presidente, mas tem que ser no voto. Perdi três eleições e não fiquei chorando. Depois ganhei uma, duas vezes e ganhamos pela terceira e quarta vez e eles não aceitaram a derrota?. Em diversos momentos, o público gritou ?fora Temer?.