Cotidiano

Lobão queria propina de R$ 500 mil por mês, mas conseguiu R$ 300 mil, diz Machado

BRASÍLIA – O ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão queria R$ 500 mil em propina todo o mês, mas teve que se contentar com R$ 300 mil, conta Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e delator da Operação Lava-Jato. O pagamento começou em 2008, quando Lobão se tornou ministro, e perdurou até julho ou agosto de 2014. De acordo com Machado, ao longo desse prazo Lobão recebeu cerca de R$ 24 milhões.

Segundo o delator, Lobão o chamou para uma conversa em seu gabinete em 2008, após assumir o ministério. Lá deixou claro: como ministro, queria receber a maior propina mensal paga a integrantes do PMDB com recursos vindos de contratos da Transpetro, uma das empresas subsidiárias da Petrobras.

Numa segunda reunião, o ministro disse esperar receber R$ 500 mil todo mês, mas, segundo lhe explicou Machado, a realidade da Transpetro não permitia valores tão altos. Segundo o termo do depoimento prestado em 5 de maio deste ano, Machado contou que “o máximo que conseguiria fazer seria R$ 300 mil por mês com alguma variação em função dos recebimentos pelas empresas que tinham contratos com a Transpetro”.

De acordo com Machado, foram pouco mais de R$ 100 milhões de propina para integrantes do PMDB, já incluindo os R$ 24 milhões para Lobão. Desse valor, R$ 2,75 milhões foram repassados pelas empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão por meio de doações eleitorais em 2010 e 2012. O restante foi pago em espécie.

Para tratar da propina, havia reuniões mensais ou bimestrais entre Machado e Lobão, dentro do Ministério de Minas e Energia. De acordo com Machado, os valores aumentavam em anos eleitorais. Também segundo ele, “geralmente, a pedido de Márcio Lobão, os pagamentos eram encaminhados para um escritório na Rua México, no centro do Rio de Janeiro”. Márcio é filho do ministro.

Também de acordo com Machado, as doações oficiais às campanhas eram feitas em geral ao diretório nacional do PMDB e, em alguns casos, para o diretório maranhense, “mas sempre ‘carimbadas’ para Lobão, consistindo isso no conhecimento que era transmitido aos organismos partidários de que as doações em questão seriam controladas por Lobão”.