Cotidiano

Livro mescla trajetória de Ernesto Nazareth com mudanças da cidade

2013070483260.jpgRIO ? Em 5 de outubro de 1869, o maestro americano Louis Moreau Gottschalk comandou um concerto monumental no Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro. Mais de 600 músicos executaram peças de Wagner e Gounod. Na plateia, um menino devia estar particularmente impressionado. Seu nome era Ernesto Júlio Nazareth.

A cena de abertura de ?O Rio de Ernesto Nazareth?, de Beth Ritto, ilustra bem o caminho traçado pelo livro: não só contar a história de um dos principais compositores brasileiros, mas articulá-la com as enormes transformações pelas quais passou o Rio no período. Afinal, Nazareth viveu da escravidão imperial ao governo de Getúlio Vargas.

? Nazareth nasce no reinado de Pedro II, passa pelo bota-abaixo de Pereira Passos, o surgimento do samba, acompanha a chegada dos primeiros sistemas de gravação e do rádio. Em meio a todas essas mudanças, ele se depara com a queda da sua produção e da sua produtividade ? conta Beth, que teve seu primeiro contato com a obra de Nazareth através de um LP de Arthur Moreira Lima.

Oriundo de uma formação clássica, Nazareth dominava o cânone europeu, mas o que fascinou o pianista polonês-americano Arthur Rubinstein foram suas polcas, maxixes, fox-trotes, choros e corta-jacas, conta Beth. Os dois se encontraram durante a passagem de Rubinstein pelo Brasil, em 1919.

? O Rubinstein pediu para o Nazareth tocar uma peça. Aí ele vai e toca um clássico, e o Rubistein diz: ?eu não quero saber disso, quero as músicas que você toca?. Ele tocou, e o Rubinstein ficou encantado e dimensionou o talento dele ? afirma Beth Ritto.

?O Rio de Ernesto Nazareth?

AUTOR: Beth Ritto.

EDITORA: Funarte

PÁGINAS: 128.

PREÇO: 45.

LANÇAMENTO: Segunda-feira, às 19h30m, na Livraria da Travessa do Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290).