Cotidiano

Líder da extrema-direita na França, Marine Le Pen revela seu programa

RIO ? Líder da extrema-direita da França, Marine Le Pen iniciou oficialmente sua campanha presidencial neste sábado. Com um manifesto que promete proteger os eleitores de globalização, ela espera aumentar suas chances de eleição em um momento de turbulência da política francesa.

Pesquisas de opinião mostram que a filha de 48 anos do fundador da Frente Nacional (FN), Jean-Marie Le Pen, lideraria o primeiro turno, marcado para 23 de abril, mas perderia no segundo, em 7 de maio, para um dos outros principais candidatos.

Mas na mais imprevisível eleição francesa em décadas a FN espera que um comício de dois dias em Lyon, onde Le Pen destrinchará sua plataforma de campanha, ajudará a convencer os eleitores. “O objetivo do programa é, acima de tudo, devolver a liberdade para a França e dar voz ao povo”, disse Le Pen, na introdução do seu manifesto.

Le Pen propôs sair da zona do euro, taxar contratos de emprego de estrangeiros, diminuir a idade de aposentadoria e aumentar vários benefícios sociais, além de diminuir impostos para pequenas empresas e o imposto de renda.

A plataforma de seu programa se apoia numa promessa de nação próspera ?made in France?, com seus cidadãos em primeiro lugar na linha dos serviços estatais e o Estado desembaraçado pela União Europeia. Os franceses protegeriam, suas próprias fronteiras, gastariam francos em vez de euros e defenderiam-se sob os planos da líder da FN. A imigração, especialmente pelos muçulmanos, seria contida. Uma política de ?prioridade nacional? daria aos cidadãos franceses a preferência pela habitação pública e outros serviços sobre os cidadãos e imigrantes da UE e diminuiria o perfil da grande população muçulmana da França. O plano também prevê a contratação de 15 mil policiais, construção de mais prisões, e o abandono do comando integrado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Emmanuel Macron, candidato de centro pró-Europa, que segundo as pesquisas deve ser o adversário de Le Pen no segundo turno da eleição presidencial, também realizou um comício em Lyon neste sábado, para propor uma plataforma radicalmente diferente.

?Esta eleição presidencial apresenta duas propostas opostas?, disse Le Pen. ?A escolha ‘globalista’ defendida por todos meus adversários… e a escolha ‘patriótica’ que eu personifico?.

Impulsionada pela inesperada votação do ano passado em que o Reino Unido decidiu deixar a União Europeia e pela eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, a FN espera surfar na mesma onda populista para obter a vitória.

?Disseram que Donald Trump nunca venceria nos Estados Unidos, contra a mídia, contra o establishment, mas ele venceu… Disseram a nós que Marine Le Pen não venceria a eleição presidencial, mas, em 7 de maio, ela vencerá?, disse Jean-Lin Lacapelle, membro de alto escalão da FN, a vários integrantes do seu partido.

Uma vez eleita, Le Pen disse que buscaria imediatamente revisar o conceito de União Europeia de forma a reduzi-la a uma enfraquecida cooperação entre nações, sem uma moeda comum e zonas de livre circulação de pessoas. Se, como é provável, os parceiros franceses da UE não aceitarem isso, ela convocaria um referendo para sair da UE.

O sábado parece mesmo ter marcado o início da corrida presidencial na França. O ex-banqueiro de investimento também realizou uma importante manifestação na cidade de Lyon, no sudeste do país, diante de uma multidão estimada em 16 mil pessoas. Em alta na corrida presidencial, o candidato de 39 anos foi ministro do presidente François Holande mas se afastou do governo para lançar uma corrente anti-establishment.

No mesmo dia, membros do partido conservador visitaram seus círculos eleitorais para deter os danos em torno de seu candidato presidencial selecionado, Francois Fillon, depois que sua família se tornou o objeto de uma sondagem fraudulenta em falsos cargos políticos.