Cotidiano

Libra avança em âmbito global, após decisões da Alta Corte e do BC

LONDRES – A libra esterlina avança contra 16 moedas globais nesta quinta-feira, num dia em que a Alta Corte do Reino Unido decidir que o Parlamento precisa aprovar o Brexit e o Banco Central do Reino Unido decidiu adiar o corte e manter as taxas de juros em 0,25%, o menor nível já registrado. Contra o dólar, a moeda do Reino Unido ganha 1,3%, a US$ 1,2473, maior alta desde 14 de julho, após subir a US$ 1,2494, anulando as perdas registradas desde o referendo que decidiu o Brexit, em 23 de junho. Contra o euro, a moeda do Reino Unido registra o segundo dia de ganhos, com alta de 1,6%, a ? 1,12 por libra.

O mercado de ações opera em queda em Londres, enquanto a libra sobe. As ações de empresas médias, mais ligadas ao mercado doméstico, saltaram quase 2%, enquanto o índice FTSE 100, composto por grandes empresas, aprofunda as perdas para 0,65%. A diferença entre as curvas dos dois índices é a maior desde 2009.

A decisão da Alta Corte do Reino Unido oferece esperança aos investidores preocupados com a forma com que o gabinete da primeira ministra Theresa May pensa em conduzir o Brexit ? as indicações foram de que seria uma retirada abrupta. Para os críticos desta estratégia, seria mais adequado que houvesse maior participação dos parlamentares no processo.

Para alguns analistas, o movimento da libra ainda é uma correção de curto prazo após a desvalorização registradas nos últimos três meses, que tirou quase um quinto do valor da divisa.

? Precisamos entender a retomada da libra no contexto ? disse Jeremy Stretch, chefe de estratégia de câmbio do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC) em Londres. ? É mais uma correção que uma virada na tendência.

Para os bancos, os parlamentares deveriam ter mais participação no processo do Brexit. Analistas do Citi, maior negociante de moedas do mundo, eles provavelmente não bloquearão o acionamento do Artigo 50 da Constituição da UE, que dá início às conversas formais para a retirada. ?Ainda assim, um voto parlamentar seria um revés para a primeira ministra, que foi contudente ao dizer que iniciar a retirada era uma decisão dela e que isso poderia reabrir as divisões no Partido Conservador?, afirmaram. ?Os parlamentares se sentiram empoderados para exigir que o governo revele sua estratégia de negociação, incluindo se visa continuar membro do Mercado Comum e da União Aduaneira.?

Na semana passada, analistas da Nomura publicaram pesquisa que mostrava que, antes do referendo, 74% dos parlamentares manifestavam apoio à permanência na UE, mas 61% votaram a favor da retirada.