Cotidiano

Lewandowski mantém Júlio Marcelo como testemunha no impeachment

BRASÍLIA – O presidente do Supremo e do processo de impeachment, ministro Ricardo Lewandowski, negou nesta quinta-feira pedido para a suspeição do procurador Júlio Marcelo, do Tribunal de Contas da União (TCU), que será a primeira testemunha de acusação a ser ouvida. O pedido foi feito pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na sessão de julgamento do impeachment no Senado.

? Não se pode antecipar aquilo que a testemunha irá responder. Decido pela inadequação dessa suspeição. Primeiramente, a testemunha Júlio Marcelo de Oliveira foi ouvido na fase pré-processual, durante a comissão especial, seus testemunhos constam dos autos. Portanto, não houve nenhuma objeção desta testemunha, nenhum fato novo ? disse Lewandwski.

Até agora, de forma paciente, Lewandowski ouviu e negou sete questões de ordem.

Os ânimos estão exaltados. O bate-boca começou com declarações da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

? Qual é a moral para julgar a presidente da República? ? disse a petista, gerando gritos e protestos.

Lewandowski rejeitou uma questão de ordem da senadora Fátima Bezerra (PT-RN) que pedia a suspeição de Antonio Anastasia (PSDB-MG) como relator do processo, função ocupada por ele nas fases anteriores do processo. Fátima afirmou que por ser do PSDB o senador não poderia ser o relator porque um dos autores da denúncia, Miguel Reale Jr, é filiado ao partido e outra autora, Janaina Conceição Paschoal, foi contratada pela legenda para analisar o tema. Janaina se irritou dizendo que não recebeu do PSDB para fazer a denúncia e que está custeando todas as suas despesas relativas ao processo.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em outra questão de ordem, pediu a suspensão do impeachment até que a Procuradoria-Geral da República e o Supremo analisassem uma representação feita por senadores petistas pedindo o afastamento de Michel Temer da Presidência da República pelas citações a ele na Lava-Jato. Ele argumentou ainda que há desvio de finalidade do processo. Lewandowski também rejeitou o pedido.

A advogada Janaína da Conceição Paschoal se defendeu.

? Não teria vergonha para dizer, mas não recebi, não fui contratada. Que cessem com as inverdades. Não fui contratada para oferecer essa denúncia. E o fiz ao lado de Hélio Bicudo, que saiu do PT por causa dos desmandos ? disse Janaína.

Por várias vezes, Lewandowski teve que tocar a campainha.

? O senhores são, sobretudo, juízes, mas não se despem da condição de senadores ? disse o ministro.

Senadores como o tucano Cássio Cunha Lima reclamavam da tática dos aliados de Dilma, mas acabam discursando o mesmo tempo, prolongando os debates.