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Levir no Fluminense: um título, altos e baixos e muitas frases de efeito

Foi de altos e baixos a passagem de Levir Culpi pelo Fluminense. Demitido após a derrota tricolor para o Cruzeiro por 4 a 2, no Mineirão, o treinador durou apenas oito meses no cargo. Conquistou o título da Primeira Liga, mas também deixou de herança uma série de frases de efeito, que vêm se tornando uma marca do treinador desde que ele voltou a trabalhar no Brasil em 2014, no Atlético-MG.

Levir comandou o time tricolor em 52 jogos. Foram 22 vitórias, 15 empates e 15 derrotas. Além do título da Primeira Liga, o técnico chegou a colocar o time na zona de classificação para a Copa Libertadores do ano que vem. Mas as seis partidas sem vencer o Campeonato Brasileiro fizeram o time despencar para o nono lugar.

Relembre algumas frases de Levir:

NA CHEGADA NAS LARANJEIRAS:

– As entrevistas ficaram muito chatas. Por vezes, não me conformo com algumas perguntas e falo algumas bobagens. Espero que me entendam. Sou sincero, uma qualidade maldita.

RECADO PARA TORCEDORES NO LANÇAMENTO DO UNIFORME:

– Tricolores, preparem suas caixinhas de remédio porque eu já preparei a minha. Teremos fortes emoções. Estou motivado.

POR QUE ESCOLHEU TRABALHAR NO FLU:

– Dinheiro. Que palavra forte né (risos). Não só isso. Uma série de coisas, né? A marca do Fluminense já diz tudo também.

A RELAÇÃO CONTURBADA COM FRED:

A relação com o Fred foi tão conturbada quanto a sua passagem pelo clube. Logo nos primeiros dias nas Laranjeiras, Levir disse:

– O Fred já está trabalhando, mas a gente sabe que ele gosta de queimar etapas, não gosta de treinar e ir direto para o jogo… Agora vai ter um atrito com nosso preparador físico.

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Depois que o atacante disse que não ficaria nas Laranjeiras enquanto Levir fosse o técnico, o treinador disse que não discutiria pela imprensa.

– O relacionamento sempre foi ótimo, não consigo imaginar que esteja magoado comigo. Quero saber realmente o que aconteceu para poder me posicionar. O Fred tem 32 ou 33, eu tenho 63… Acho que ele deveria conversar comigo. Se ele ficou magoado, eu não sei. Não posso dar minha palavra, porque não sei qual o posicionamento dele. Gostaria de ouvir dele:”Fiquei chateado com você porque me tirou?, mas para mim não chegou nada até agora. Estou ouvindo é fofoca. Quero falar com ele pra saber o que realmente aconteceu pra me posicionar melhor – afirmou.

Apesar do tom de quem queria conversar, Levir deixou claro sobre quem mandava no time.

– Será que é preciso que você pergunte para o professor quem vai dar aula? O professor é quem vai dar aula. Cada um faz sua parte, e o Fred me conhece. Questão de decidir sobre substituição e esquema tática é comigo.

Fred acabou ficando no clube, mas em junho se transferiu para o Atlético-MG numa saída traumática para a torcida. Em setembro, quando o Flu ia reencontrar o ídolo, Levir teve que falar novamente sobre Fred.

– Dá para não falar com ele? A sensação dele é a mesma. Enfrentar um time que você já defendeu, tem muitos amigos, é uma situação ruim, até constrangedor. É aquilo, na hora é: vai lá, deseja boa sorte e que ninguém se machuque. Eu não tenho como me colocar no lugar do torcedor. Mas o Fred não saiu daqui porque não gosta do Fluminense, porque é mau caráter. Foi uma decisão profissional e tem que ser tratado dessa maneira. Ele deve ser recebido como um cara que passou por aqui e fez um grande trabalho, mas dentro de campo vamos torcer para ele escorregar, errar tudo que é chute. Não vamos torcer para que ele jogue bem, não tem como.

SOBROU ATÉ PARA O LULA:

Levir disse que quando deixou o Atlético-MG, pensou em virar palestrante, numa indireta ao ex-presidente que alegou ter conquistado seus bens através de palestras.

– Depois que saí do Atlético-MG quase virei palestrante, pois isso é o que mais tem dado dinheiro no país. Demorei quase um mês para desacelerar e pensei nisso. Mas aí recebi a proposta do Fluminense e nem tive o que pensar. Aceitei e vamos para mais esse desafio.

E A ADVOGADA?

Levir também mostrou estar antenado com o que acontece no país em setembro ao responder ao meia Carlos Alberto. Acusado pelo jogador do Figueirense de pedir para o lateral Wellington Silva bater nele durante a vitória sobre o Figueirense por 3 a 2, o treinador foi direto:

– Nem se ele contratar o (José) Eduardo Cardozo ou a Janaina Paschoal ganha essa. É mentira ? disse Levir, citando os advogados de defesa e acusação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. ? Freud seria o mais indicado.

NÃO DEU PARA FICAR ATÉ O FIM DO ANO:

Ao comentar sobre o dia a dia do treinador e as pressões, ele pediu uma ajuda aos jogadores.

– Falei com os jogadores e se houver consciência disso, de que podemos render mais e que devemos render mais, é possível que me mantenham empregado até o fim do ano.

RICHARDSON OU RICHARLISON?

Levir confundiu tudo ao fazer um comentário sobre Richarlison, jovem contratação do Fluminense. E que acabou fazendo o último gol de um jogador tricolor na gestão do técnico.

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– Engraçado. Trabalhei nos últimos anos em Minas e esse garoto se chamava Richardson e não Richarlison. Veio para o Rio e mudou de nome? (Após ser informado que o atacante sempre se chamou Richarlison, ele descontraiu). Bom, Richardson, ou Richarlison têm algo em comum: ambos são esquisitos para caramba.

DANÇAR COM A IRMÃ

Após o frustrante 0 a 0 no Fla-Flu no Pacaembu, em São Paulo, Levir deu sua visão bem particular do clássico disputado pela segunda vez na história na capital paulista.

– Foi muito interessante. É uma oportunidade dos torcedores verem o time jogar. Quando eu morava no Japão e tinha o “Brazilian Day”, eu ia. É uma aproximação interessante. Pelas dificuldades do nosso calendário e por incompetência nossa também, precisamos jogar aqui. Pena que ficamos naquela coisa meio sem graça de dançar com a irmã, por causa do placar 0 a 0. Mas no próximo Fla-Flu em São Paulo nós vamos vencer.

SÓ PENSA NAQUILO

Questionado sobre a importância de ter dois dias de folga no trabalho, o treinador foi bem sincero:

– Tem muita coisa boa (em folgar). Sexo, por exemplo. A gente quase não tem mais chance, imagina uma chance dessa, com dois dias de folga.

Perguntado sobre o que faz para aliviar o estresse após as partidas, o treinador foi mais uma vez no ponto G.

– Além do sexo? Música. Música com sexo também é muito bom.

IRRITAÇÃO COM REPÓRTER:

Mas nem sempre Levir foi bem-humorado. Após a eliminação tricolor na Copa do Brasil para o Corinthians, ele mostrou toda a sua irritação com um repórter.

– Agora você comprovou que está chateado. Você pode torcer também para o Corinthians, não tem problema nenhum, sendo um bom profissional. Só que você não vai ouvir o que você quer ouvir, você vai ouvir o que eu quero falar. O primeiro erro foi um pênalti não marcado para o Fluminense, não foi? Que dificuldade para concordar, meu amigo!

MACHISMO NÃO!

Levir também deu uma escorregada e foi deselegante ao responder a pergunta de uma repórter do Sportv com um elogio à beleza da jornalista. Não precisava disso, professor.

– Eu vou discordar de você apesar de você ser muito bonita.

MATEMÁTICA FLEXÍVEL

Nesta reta final, o Fluminense já estava vivendo um mau momento, não vencia há cinco jogos, mas Levir confiava que o time estava jogando bem. Só não marcava pontos. E assim definiu o momento:

É o pior momento matemático. Tecnicamente não. Os três jogos anteriores e este empate fora de casa, acho que técnica e taticamente o desempenho foi bom. Houve falhas dos jogadores e minhas. Mas acontece. No passado, Gum era criticado. E agora? Foi bom, então, temos de elogiar – disse Levir, citando o autor do gol tricolor no empate com o Coritiba por 1 a 1.