Cotidiano

Leite do diabo da tasmânia pode ajudar a combater superbactérias

201610180408071499_AFP.jpg

RIO ? O surgimento de bactérias resistentes aos mais poderosos antibióticos é uma das maiores preocupações da comunidade médica. Casos estão sendo relatados em diversos países, inclusive no Brasil, e a solução para o problema pode estar no leite das fêmeas do diabo da tasmânia, marsupial ameaçado de extinção que habita uma ilha ao sul da Austrália.

Pesquisadores da Universidade de Sidney descobriram que peptídeos ? cadeias de aminoácidos ? presentes nesse leite são capazes de matar algumas bactérias resistentes, incluindo o Staphylococcus aureus e os Enterococcus, ambos responsáveis por infecções hospitalares graves. O interesse pelos diabos da tasmânia surgiu por uma característica curiosa desses animais. As crias da espécie nascem com um sistema imunológico pouco avançado, mas crescem dentro de uma bolsa cheia de bactérias.

? A pergunta era: como esses filhotes podem sobreviver neste ambiente sem um sistema imunológico maduro? ? afirmou em entrevista à AFP Emma Peel, pesquisadora da Universidade de Sidney e líder do estudo publicado no periódico ?Scientific Reports?. ? Pensamos que isso estava relacionado ao desenvolvimento importante de peptídeos nos marsupiais.

Além do diabo da tasmânia, o estudo analisou uma espécie de wallaby e uma de gambá. Testes ainda estão sendo realizados com o leite do coala.

? Os marsupiais têm mais peptídeos que os outros mamíferos ? destacou Emma.

Os pesquisadores recriaram em laboratório um peptídeo conhecido como catelicidina, encontrado no genoma do diabo da tasmânia, e descobriram que ele poderia ?matar bactérias resistentes e outros micro-organismos?.

Agora, a esperança é que esses peptídeos possam ser utilizados para o desenvolvimento de novos medicamentos, que possam combater o avanço das superbactérias. Estudos recentes indicam que os micro-organismos resistentes poderão provocar a morte de 10 milhões de pessoas por ano em 2050, caso nosso arsenal médico não evolua. Nas últimas três décadas, nenhuma nova classe de antibióticos chegou ao mercado.