Esportes

Lei Agnelo Piva rende menos ao COB e confederações têm verba enxugada para 2017

Já era esperado que o volume de recursos aos esportes olímpicos no Brasil, como o de patrocínios, diminuísse após o ano olímpico de 2016, mas o ajuste deve ser ainda mais severo. Mesmo a fonte mais segura de verba para as confederações vai sofrer uma queda: o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou que o repasse às 29 confederações esportivas será de R$ 85 milhões no ano que vem, uma redução de 13% em relação aos R$ 85 milhões do ano anterior.

Todas as confederações terão uma redução de sua parcela e, a partir de 2018, os cinco novos esportes olímpicos também passarão a ter direito a uma fatia do bolo: surfe, skate, caratê, escalada e beisebol. Junto da redução, o COB anunciou uma mudança nos critérios para definir quanto cada modalidade terá a receber.

Antes, a divisão era feita levando em conta a tradição e possibilidade de medalhas de cada modalidade, e agora foi divulgada uma lista de critérios que pesaram no rateio, como resultados nas últimas edições de Jogos Olímpicos, Mundiais e Pan-Americanos, além de “boa gestão financeira”.

Do antigo “top 5”, o grupo dos cinco que receberam a maior cota ano passado (R$ 4,5 milhões), apenas dois restaram na primeira prateleira (judô e vôlei receberão R$ 4,2 milhões, cada). Atletismo e vela caíram para R$ 3,7 milhões, e os desportes aquáticos, para R$ 3,6 milhões.

? Todo mundo sofreu uma redução. Judô e vôlei ganharam três medalhas cada no RIo-2016, têm história. Não considero desprestígio ao atletismo, pelo contrário, evoluíamos em todos os quesitos em relação a Londres-2012. Acho que ninguém pode reclamar porque foi definido algo baseado em meritocracia ? diz o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), José Antonio Fernandes, o Toninho. ? Dependemos muito do patrocínio da Caixa, que ainda não foi renovado. Sem isso, teremos muita dificuldade durante o ano.

A maioria das modalidades ficará com uma cota de R$ 2,2 milhões, numa lista que inclui 15 confederações, sendo algumas de esportes em que o Brasil tem história mas poucos resultados recentes, como o basquete, ou que não tem tradição internacional, como o golfe.

? Todo mundo precisa entender que essa redução reflete a crise econômica por que o país está passando ? diz o presidente da Confederação Brasileira de Golfe, Paulo Pacheco.

LIMITE DE REDUÇÃO DA VERBA

O COB estabeleceu um limite de 20% de redução de verba que uma confederação pode ter de um ano para outro,e complementará o valor a ser recebido caso os critérios técnicos indiquem uma redução acima deste percentual.

Os repasses de 1,7% do total arrecadado em apostas nas loterias federais renderão ao COB, no início do próximo ano, seguindo a Lei Piva, um total de R$ 210 milhões. A legislação obriga que a entidade invista 10% (R$ 21 milhões) no esporte escolar e 5% (R$ 10,5 milhões) no universitário.

Do total que resta, R$ 85 milhões vão para as confederações esportivas e outros R$ 41 milhões diretamente na preparação de atletas e comissões técnicas para treinos e competições. Sobrarão ainda R$ 53 milhões, que servirão para custear a administração do COB, os programas de capacitação do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), na gestão esportiva das Confederações.