Agronegócio

Lavouras de feijão apodrecem debaixo de água

Cascavel – Para quem esperava colher 30 sacas de feijão por alqueire, a decepção no campo já se desenhava nos meses de abril e maio quando, em pleno desenvolvimento dos grãos, a estiagem durou pelo menos 40 dias e fez com que as vagens definhassem. Nessa época, as falhas na formação já eram evidentes.

A estimativa de produtividade logo baixou e, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) no Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento) de Cascavel, de 30 caiu para 17 sacas por hectare. Isso para quem conseguiu colher no mês passado, porque a chuva voltou a aparecer em junho. Neste mês, o acumulado já revela mais de 100 milímetros em média para o oeste do Paraná, o que tem deixado lavouras encharcadas e impossibilitando a colheita, indicando que parte vai apodrecer nas lavouras.

Isso significa que as perdas, que já chegavam aos 43%, devem ser potencializadas nos próximos dias, diante da previsão de mais precipitação pela frente. Vale ressaltar que mais da metade da área destinada ao grão ainda não foi colhida no oeste.

A expectativa inicial de produção dos 15 mil hectares cultivados era de 27 mil toneladas e no mês passado já havia sido reavaliada para 15,4 mil toneladas. Os outros 11,6 mil ficaram pelo caminho. “A chuva chegou bem no momento de colher e isso preocupa bastante. Já esperávamos colher, no início do ciclo, 30 sacas por hectare e depois caiu para 17 por conta da estiagem, agora a chuva poderá reduzir ainda mais a produtividade”, reforçou o técnico do Deral José Pértille.

A boa notícia é de que hoje a chuva cesse, segundo o Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), mas a chegada de uma frente fria faz com que as temperaturas despenquem mais uma vez. Elas variam nesta quarta-feira dos 7ºC aos 19ºC, amanhã dos 5ºC aos 16ºC e na sexta dos 4ºC aos 15ºC. No fim de semana a previsão é de mais chuva, mas os volumes previstos por enquanto não são muito significativos. Já no fim da próxima semana ela promete voltar com força.

Conab anuncia recuo de 3,4% na safra de grãos

Brasília – A previsão de produção de grãos para o período 2017/2018 foi reduzida para 229,7 milhões de toneladas. Apesar do recuo de 3,4% na comparação com a safra passada – quando a colheita alcançou 237,7 milhões de toneladas -, o volume ainda representa a segunda maior colheita do Brasil. O resultado ajustado foi anunciado ontem (12), durante o 9º Levantamento da Safra realizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

“A motivação continua e, para o próximo ano, acreditamos que podemos passar das 240 milhões de toneladas”, disse o secretário substituto de Política Agrícola do Mapa (Ministério da Agricultura), Wilson Vaza, ao afirmar que, apesar do recuo, há uma boa resposta dos setores ao plano safra anunciado pelo governo.

O resultado do levantamento também é menor do que o do último dia 10 de maio, quando a Conab apontava para uma produção de 232,6 milhões de toneladas. No período, assim como agora, o volume projetado também era impulsionado pela soja (117 milhões de toneladas) e pelo milho total (89,2 milhões de toneladas). Mas, nessa comparação, o recuo foi atribuído a impactos climáticos que afetaram a produção do milho segunda safra.

No campo

Sobre a área semeada, a Conab manteve a estimativa de maior da série histórica, com uma ocupação de 61,6 milhões de hectares de terras no País. Diferentemente da relação feita sobre a colheita, em relação à área, há expectativa de aumento de 1,1% na comparação com a última safra. Ou seja, quase 400 mil hectares a mais em plantação, que, pela ordem de ganho, deve-se, principalmente, ao cultivo de soja dos 33,9 milhões de hectares para 35,1 milhões. Cultivos do algodão e do feijão e as culturas de inverno também ajudaram a ampliar a previsão da área produtiva.

Além do levantamento de grãos, a Conab ainda lançou o Portal de Informações Agropecuárias, que vai reunir dados nacionais em um único sistema. As informações vão desde custo de produção agrícola, preços, dados de safra, de oferta e demanda de mercado, até dados de estoques públicos de alimentos em cada unidade da federação e valor de frete nas principais rotas de escoamento.

IBGE reduz previsão de safra de grãos

Rio de Janeiro – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reduziu para 228,1 milhões de toneladas a previsão da safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deste ano. A estimativa do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, feita em maio, é 0,8% inferior (ou 1,9 milhão de toneladas) na comparação com a de abril.

Caso os números se confirmem, a safra será 5,2% menor que a de 2017, que ficou em 240,6 milhões de toneladas.

A queda em relação a 2017 deverá ser provocada principalmente pelos recuos nas safras de milho (-15,1%) e de arroz (-7%). No entanto, o principal produto, que é a soja, deverá ter um aumento de 0,7% na comparação com o ano passado, atingindo um recorde histórico de 115,8 milhões de toneladas.

Outras lavouras importantes de grãos terão aumento na produção, como o trigo (0,2%), feijão (2,6%), algodão (21,6%) e sorgo (11,6%).

Outros produtos

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola também analisa o comportamento de outras lavouras. A cana-de-açúcar, principal produto agrícola brasileiro em volume de produção, deverá fechar o ano com 703,1 milhões de toneladas, 2,2% a mais do que no ano passado.

O café, com 3,4 milhões de toneladas, deve ter aumento de 23,3% em relação ao ano passado. A mandioca também deverá ter alta (0,5%), assim como o tomate (0,6%) e o cacau (8,3%).

Deverão ter quedas a laranja (-9,4%), uva (-17,5%), batata-inglesa (-11,1%), banana (-3%) e o fumo em folha (-5,8%).