Cotidiano

Lava-Jato só fará mais um acordo de leniência, diz procurador

SÃO PAULO. A Lava-Jato deve assinar apenas mais um acordo de leniência com empresas, segundo afirmou nesta quarta-feira o procurador Deltan Dallagnol, um dos porta-vozes da força-tarefa. Segundo ele, apenas executivos das demais empresas poderão fazer acordos individuais de delação.

– Nós queremos fazer leniência com apenas mais uma empresa – disse Dallagnol, que participou de encontro com empresas do mercado de capitais.

Segundo o procurador, a Lava-Jato”grande parte dos fatos” da Petrobras já foram descobertos e não faz sentido fazer acordo “com todo mundo”. De agora em diante, a delação, afirma, só vale a pena em áreas que forem desconhecidas dos investigadores.

– Deve existir num percentual de punição e de colaboração – explicou, acrescentando que, se a possibilidade de colaboração for muito ampla, uma pessoa poderá cometer um crime diante da expectativa de delatar e não ser punido com o rigor previsto em lei.

Dallagnol afirmou que, no caso da delação de pessoas físicas é possível ainda fazer acordos se houver fato novo a ser delatado.

– Na delação se troca um peixe por um cardume – explicou.

O procurador afirmou que todos os acordos, de delação e leniência, são feitos de comum acordo pelas equipes da Procuradoria Geral da República, em Brasilía, e pelo grupo da força tarefa que atua em Curitiba.

A decisão da força-tarefa dificulta a situação das empreiteiras Odebrecht e OAS, que negociam acordo de leniência. O GLOBO antecipou que os procuradores já informaram aos advogados das duas empreiteiras que apenas uma delas conseguirá fechar acordo de colaboração. Entre os motivos está a parceria das duas empresas em vários empreendimentos da Petrobras e o volume de negócios com a estatal. Para os procuradores, dirigentes de uma delas terão de ser punidos pelos crimes cometidos. Odebrecht e OAS atuaram em consórcio em diversos contratos bilionários da Petrobras.

Ainda não se sabe qual o destino da Queiroz Galvão, segunda maior empreiteira no ranking de fornecedoras da Petrobras. A empresa segue como investigada e não há notícia se negocia ou já negociou acordo de leniência, uma fez que as autoridades mantém a situação da empreiteira sob sigilo.