Cotidiano

Lava-Jato: Justiça ouve testemunhas em ação em que Lula é réu por obstrução de Justiça

BRASÍLIA – A Justiça Federal do Distrito Federal ouviu na manhã desta segunda-feira três testemunhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do banqueiro André Esteves, réus em ação penal que os investiga por obstrução de Justiça. Eles e mais cinco pessoas, incluindo o ex-senador Delcídio Amaral, são acusados de ter tentado comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que estava negociando uma delação com o Ministério Público Federal (MPF).

Foram ouvidas duas testemunhas de Lula: o presidente e a secretária do Instituto Lula, respectivamente Paulo Okamoto e Claudia Troiano. A testemunha de Esteves, do banco BTG, foi Julio de Siqueira, ex-funcionário do Bradesco. Os três estão em São Paulo e os depoimentos foram colhidos por meio de videoconferência. Pela tarde, outras três testemunhas, que estão no Rio de Janeiro, também serão ouvidas.

Além de Lula, Esteves e Delcídio, também são réus o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula; o filho dele, Maurício Bulai; Diogo Ferreira, ex-assessor de Delcídio; e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró.

Delcídio foi preso em novembro de 2015 após ser flagrado em gravação tentando comprar o silêncio de Cerveró. Posteriormente, ele se tornou colaborador e foi solto. Em sua delação premiada, o ex-senador acusou Lula de participação na tentativa ? frustrada ? de derrubada da delação de Cerveró. Segundo Delcídio, o ex-presidente agiu para que a família Bumlai interferisse ? inclusive financeiramente ? nos rumos da colaboração do ex-diretor da Petrobras.

Delcídio disse ter procurado Maurício Bumlai e obtido repasses em dinheiro vivo. O próprio senador disse ter feito um repasse de R$ 50 mil ao advogado de Cerveró, Edson Ferreira. Os dados bancários mostram uma movimentação financeira pouco antes dos repasses em dinheiro vivo, conforme a denúncia, e reforçam a participação do grupo na atividade criminosa.

Ainda segundo a delação, André Esteves participou da trama. A assessoria do banqueiro alega que, depois disso, em 16 de maio deste ano, em entrevista ao programa “Roda Viva”, Delcídio isentou Esteves de culpa.