Política

Lava Jato investiga propina de R$ 200 mi para MDB e PT

Curitiba – Deflagrada na manhã de ontem a pedido do MPF (Ministério Público Federal) de Curitiba, a 51ª fase da Operação Lava Jato investiga propina de R$ 200 milhões ao MDB, ao PT e a ex-funcionários da Petrobras por meio de fraude em contrato e contas no exterior. A PF (Polícia Federal) cumpriu cinco dos seis mandados de prisão.

Batizada de Déjà Vu, esta nova etapa ocorre em três estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Ela recebeu esse nome porque as estratégias usadas pelos investigados são as mesmas utilizadas em etapas anteriores.

"Verificou-se, no âmbito desse contrato, ajustes e efetivos pagamentos de vantagens ilícitas para dimensões partidárias, para partidos, no caso, foram dois os partidos, segundo as investigações, foram beneficiados, à época o PMDB, e o Partido dos Trabalhadores”, disse o procurador da República Roberson Henrique Pozzobon.

De acordo com Pozzobon, os intermediários e os agentes políticos vinculados ao PMDB viabilizaram o recebimento dessas vantagens ilícitas: João Augusto Henriques e Ângelo Tadeu Lauria.

João Augusto já foi alvo de prisão em operações anteriores, e Laurias foi alvo de prisão ontem.

Nesta fase, a Justiça expediu 23 mandados judiciais – quatro de prisão preventiva, dois de prisão temporária e 17 de busca e apreensão. Apenas um mandado de prisão preventiva não foi cumprido porque o alvo está fora do país, em Portugal, segundo a força-tarefa. Os mandados foram assinados pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba.

Os mandados de prisão são contra três ex-funcionários da Petrobras e três operadores financeiros, um deles um agente que se apresentava como intermediário de valores destinados a políticos vinculados ao então PMDB, atual MDB.

A propina

Conforme o MPF, a propina foi paga entre 2010 e 2012. Foram pagos, à época, US$ 56,5 milhões. Atualmente, o valor equivale a R$ 200 milhões. O MPF afirmou que há provas de repasses de aproximadamente US$ 25 milhões a ex-funcionários da Petrobras e de cerca de US$ 31 milhões para agentes que se apresentavam como intermediários de políticos vinculados ao MDB.

As vantagens indevidas estão relacionadas a um contrato fraudulento de mais de US$ 825 milhões, firmado em 2010 pela Petrobras com a construtora Norberto Odebrecht.

Além da utilização de offshores, de operadores financeiros e de doleiros, toda a lavagem de dinheiro foi feita, de acordo com o MPF, por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – o setor de propina da Odebrecht.

Outro lado

O MDB informou que desconhece detalhes da operação mas reitera a necessidade de investigação célere em relação aos acusados. O PT não comentou. Por meio de nota, a Odebrecht disse que colabora com a Justiça no Brasil e nos países em que atua.