Cotidiano

Lava-Jato: Cunha aparece atrelado à movimentações suspeitas no exterior desde 2000

SÃO PAULO. A força-tarefa da Lava-Jato tem informações de que o ex-deputado Eduardo Cunha faz movimentações suspeitas no exterior desde 2000. O nome de Cunha já apareceu numa investigação nos Estados Unidos como beneficiário de US$ 23 mil, à época em que ele ocupava a presidência da Companhia Estadual de Habitação do Rio. Essa informação consta do pedido de prisão contra Cunha feito pelo Ministério Público Federal ao juiz Sérgio Moro.

“(..) há registros de que, no mínimo, desde o ano de 2000 Eduardo Cunha já movimentava ilegalmente recursos no exterior utilizando-se de canais informais de câmbio quando já ocupava cargos públicos”, disseram os procuradores.

Segundo a força-tarefa, o nome de Cunha constou nas investigações da Operação Beacon Hill, na qual um promotor americano identificou remessas feitas a partir de uma conta no Chase de Nova York, a Beacon Hill, – daí o nome da operação – a paraísos fiscais, em esquema de lavagem de dinheiro. A conta Beacon Hill tinha dezenas de subcontas, uma delas movimentada pelo doleiro carioca Oscar Jagger.

Da subconta de Jagger saíram US$ 221,8 milhões entre 1997 e 2002. Foi ele quem fez duas transferências, em 2000 e 2001, para a seguradora American Life Insurance. Na planilha que identificava as transferências, segundo a Lava-Jato, estava o nome de Eduardo Cunha como segurado (insured), ao lado da palavra policy (política) e do número 9902465

No Brasil, as informações foram usadas pela Polícia Federal na Operação Farol da Colina, onde vários doleiros foram acusados de evasão de divisas, formação de quadrilha e operação de instituição financeira sem a devida autorização..

A conta Beacon Hill Service Corporation foi descoberta pelor um promotor de Manhattan, Robert Morgenthal, e servia como intermediária na abertura de outras contas em paraísos fiscais. Ela apareceu como recebedora de recursos ilíticos enviados aos Estados Unidos por meio do Banestado. Na época, os procuradores que investigavam o Caso Banestado receberam um CD das autoridades americanas com mais de 1 milhão de movimentações financeiras da Beacon Hill, que foi considerada pelo presidente da CPI, senador Antero Paes de Barros, “holding dos doleiros sul-americanos”. Por ela teriam circulado US$ 10 bilhões retirados ilegalmente do Brasil.