Cotidiano

Justiça determina bloqueio de R$ 50 milhões de Jorge e Bruno Luz

SÃO PAULO. A Justiça Federal de Curitiba determinou o bloqueio de até R$ 50 milhões das contas dos lobistas Jorge Luz e Bruno Gonçalves Luz, que tiveram mandado de prisão preventiva decretados na 38ª Fase da Lava-Jato, desencadeada na manhã desta quinta-feira. Jorge e Bruno Luz – pai e filho – estão sendo procurados pela Interpol e ambos teriam viajado para os Estados Unidos. Segundo a Polícia Federal, Bruno Luz tem cidadania portuguesa.

Jorge Luz é apontado pela força-tarefa como um dos mais antigos e relevantes operadores do PMDB e contaria com a assessoria do filho. O delator e ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró afirmou em depoimento, em abril de 2016, que Luz intermediou propina em contrato da Petrobrás na Argentina e na contratação do navio-sonda Petrobras 10.000. O valor, de US$ 6 milhões, teria sido destinado ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan negou as acusações e disse que está a disposição da Justiça.

Segundo as investigações, pai e filho estão envolvidos em pelo menos seis episódios de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras e foram citados por dois pelo menos dois delatores da Lava-Jato, Paulo Roberto Costa e Fernando Soares, o Baiano.

A quebra do sigilo fiscal e bancário mostrou que pai e filho estão à frente de empresas que receberam grandes valores de envolvidos no esquema da Petrobras, além de serem beneficiários de contas no exterior que receberam depósitos. Jorge Luz é procurador de uma empresa (TBC Equity) e foi sócio de pelo menos outras quatro. Uma delas recebeu cerca de R$ 5,6 milhões da Petrobrás e da Schahin Engenharia entre 2008 e 2009. É ainda beneficiário de contas em nome de duas offshores – Pentagram Energy, Pentagram Engineering e Total Tec Power Solutions.

O empresário Milton Schahin, do Grupo Schahin, afirmou ao juiz Sérgio Moro, em depoimento, ter pago US$ 2,5 milhões por exigência de Luz ao fechar um contrato com a Petrobras. Disse que pagou porque conhece Luz há mais de 20 anos e sabe que “ele não brinca quando fala” e, por isso, resolveu “não correr o risco” e entregou documentos.

Bruno Luz é sócio de outras quatro empresas e de uma offshore, a Farallon Investing. Em 2014 ele deixou uma quinta sociedade, na Dema Participações, que recebeu R$ 1 milhão da Construtora Andrade Gutierrez em 2008 sem ter qualquer empregado registrado. A suspeita é que os pagamentos tenham tido origem em negócios ilícitos.