São Paulo – É inegável que o período de maior recessão da história do Brasil (de 2014 a 2016) teve origem na política de irresponsabilidade fiscal dos últimos anos, a qual gerou impactos sobre os mais diversos aspectos da estrutura econômica: queda abrupta no ritmo das atividades; dívida pública crescente e de magnitude crítica; inflação; desemprego; redução dos investimentos. Além disso, a necessidade de elevação sistemática da taxa de juros como instrumento de controle inflacionário e, principalmente, de captação de recursos para rolagem da dívida pública muito acima dos padrões aceitáveis para uma economia saudável gerou impactos financeiros diretos sobre a saúde das empresas e sobre a renda das famílias.
Em 2016, os juros pagos por famílias e empresas alcançaram R$ 463 bilhões, equivalente a 7,16% do PIB (Produto Interno Bruto) e crescimento de 28,3% em relação ao montante pago em 2013, já descontada a inflação. É o que mostra o estudo "Juros e Inadimplência no Brasil 2014-2016" realizado pela FecomércioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), com base nos dados do Banco Central contemplando apenas as operações formais de empréstimos e desconsiderando as operações lastreadas em recursos direcionados.
Desembolsos
Do montante total de juros, a maior parte foi paga pelas famílias, as quais desembolsaram R$ 251,2 bilhões em 2014, passando para R$ 293,2 bilhões em 2015 e recuando para R$ 288,3 bilhões em 2016, equivalente a 4,46% do PIB. As empresas desembolsaram R$ 165,8 bilhões no pagamento de juros em 2014, R$ 183,9 bilhões em 2015 e recuou para R$ 174,7 bilhões em 2016, igual a 2,7% do PIB.
Inadimplência
O valor total da inadimplência das famílias e empresas no fim de 2016 alcançou R$ 89,2 bilhões, 1,4% do PIB. Mesmo diante dessas circunstâncias, em 2016 o setor privado conseguiu manter certo controle sobre seus níveis de inadimplência, que haviam crescido muito em 2015, ano em que se registraram as maiores adversidades nas áreas econômica e política no País.
