Cotidiano

Juízes discutem impacto de morte de Teori na Lava-Jato

PORTO ALEGRE – Durante o velório do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki na manhã deste sábado em Porto Alegre, autoridades jurídicas falaram sobre o impacto da escolha de um novo ministro na análise dos processos da Lava-Jato. Ações, como a homologação do acordo de delação premiada da Odebrecht, eram responsabilidade do ministro, que morreu em acidente aéreo quinta-feira.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo de Tarso Sanseverino afirmou que a relatoria dos processos deveria ficar com um ministro que já compõe o Supremo. Ele também defendeu que a ministra Carmen Lucia, presidente do STF, faça a homologação da delação da Odebrecht, que já estava sendo encaminhada pela equipe de Teori.

– Acho que não se deve deixar a relatoria para o ministro que for assumir. Seria uma situação política extremamente delicada. Vários senadores estão sendo investigados na Lava Jato. Isso criaria uma situação embaraçosa politicamente, com as pessoas que vão ser julgadas analisando o futuro julgado – disse Sanseverino.

O presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso afirmou que a entidade defende que o novo ministro seja um magistrado de carreira na Justiça Federal, como Teori, que passou pelo Tribunal Regional de Justiça da 4ª Região (TRF-4), a segunda instância, e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) antes de chegar ao Supremo:

– Haverá um atraso de tempo no julgamento dos casos da Lava-Jato, independente de quem assumir porque essa pessoas precisará de tempo para se inteirar do assunto. Teori era um homem sério, honesto, muito trabalhador e muito bem preparado, o que nos dava tranquilidade de que os processos eram bem conduzidos.

O presidente do TRF-4, Luiz Fernando Wowk Penteado, declarou que não acredita que haja prejuízo às investigações da Lava-Jato, de responsabilidade da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, mas admite que substituir Teori será difícil:

– Há juízes muito capazes de dar prosseguimento ao trabalho de Teori. Mas nunca haverá alguém igual a ele, uma pessoa especial, com uma carreira ímpar, notável.

O corpo do ministro é velado desde as 9h deste sábado na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Pela manhã, a cerimônia foi reservada para amigos e familiares. O velório foi aberto ao público, a partir das 11h. O sepultamento está marcado para as 18h no Cemitério Jardim da Paz, também na capital gaúcha. Diversas autoridades devem prestar sua última homenagem ao ministro, que morreu junto com mais quatro pessoas em um acidente aéreo em Paraty na quinta-feira.