Cotidiano

Juíza argentina tenta descobrir como Federico Garcia Lorca foi morto

R20160819-180147.jpgIO – Um juíza argentina procura descobrir quem foram os autores do assassinato de Federico Garcia Lorca durante a Guerra Civil Espanhola e o local onde estão enterrados os restos do dramaturgo espanhol, que ainda são um enigma.

Os esclarecimentos acerca da morte do escritor são parte de uma investigação da juíza federal Maria Servini de Cubria sobre os alegados crimes contra a humanidade cometidos pelas forças do general Francisco Franco durante a guerra (1936-1939), sob a ditadura que ele encabeçou e durante os dois anos seguintes a sua morte, em 1975.

Máximo Castex, o advogado que conduz a investigação sobre o assassinato de um dos maiores gênios da literatura espanhola, disse na sexta-feira disse à Associated Press que a juíza solicitou um relatório da polícia espanhola fechado em 1965, a partir do qual se poderá tomar medidas processuais que “joguem luz” sobre a detenção e morte do poeta.

De acordo Castex, se o governo e a justiça da Espanha encaminharem para o juíza o relatório da Terceira Brigada da polícia de Granada, no sul da Espanha, “será a primeira vez que pode analisar um documento sobre quem teria prendido García Lorca e analisar algumas questões que estiveram sempre duvidosas”. A juíza também pediu ao Ministério do Interior espanhol todos os documentos relacionados com o assassinato.

O advogado reconheceu que “é muito difícil de encontrar os autores vivos”, mas sublinhou que isso “não impede de saber quem foi o autor de seu assassinato”. Historiadores espanhóis afirmam ter encontrado a identidade dos autores do assassinato do poeta, o que ainda não foi determinada pelos tribunais.

Castex representa a Associação para a Recuperação da Memória Histórica, com sede na Espanha, autora da denúncia no caso sobre os crimes do franquismo. A partir da descoberta, em 2015, da existência do documento da polícia, ele apresentou em abril uma queixa à juiza argentina para tentar desvendar as circunstâncias da morte do dramaturgo.

Segundo o advogado, o pedido foi viabilizado por um princípio de jurisdição universal que permite a um país para investigar crimes contra a humanidade, desde que não faça na nação onde perpetrado.

A juíza ainda não recebeu uma resposta das autoridades espanholas. De acordo com o relatório da polícia, o autor de “Bodas de Sangue” foi morto no final de julho ou início de agosto de 1936, pouco depois do início da guerra civil, com outra pessoa cuja identidade é desconhecida. O relatório definiu o escritor espanhol como “socialista” e “maçom” e acusou-o de “práticas homossexuais”.

O documento contém informações diferentes da versão que é tida como válida até então, segundo a qual três outros morreram com ele nas mãos de tropas de Franco.

O local do sepultamento daquele que é um símbolo dos milhares de vítimas de Franco também difere de alguns locais identificados pelos historiadores e onde escavações infrutíferas foram realizadas para encontrar seu corpo.